Meio&Mensagem

21 de março de 2022 - 9h09

Finalizada minha participação no SXSW, posso cravar que esse é o maior evento de relacionamento do mundo. Ao longo dessa semana, tive a oportunidade de me reunir com venture capitalistas de Nova Iorque, com executivos de startups de Israel e, até mesmo, com brasileiros que talvez não tivessem a oportunidade de encontrar em nosso país.

Mais que o epicentro da inovação e do hype, o South by Southwest representa conexão entre pessoas com os mesmos denominadores comum, de artes NFT a modelos de gestão. Agora, pensando em tudo que vi, aqui vão algumas considerações.

Metaverso: foguete ou voo de galinha?

O metaverso realmente é a bola da vez e foi background de uma infinidade de debates e apresentações por aqui. Controverso ou não, há que se entender que negar sua existência não é uma opção. O próprio Scott Galloway, conhecido pela sua acidez referente a big techs, assumiu que o metaverso pode ser uma grande oportunidade de negócios. A grande pergunta que pairou no ar: isso vai ser a decolagem de um foguete ou apenas um voo de galinha?

As opiniões sobre esse mundo de realidade virtual ainda são muito diversas: se é disruptivo ou não, se terá escala ou não, se pode se tornar algo acessível a todos ou não. A verdade é que nenhum de nós pode responder (ainda). Como em qualquer fase de transição tecnológica, o mais indicado é que cada um se dedique a pelo menos entender o que está saindo do campo etéreo da promessa de futuro e se materializando em presente. De qualquer maneira, um ponto que não podemos perder de vista é que as apostas estão cada vez mais altas, tem muita gente colocando muito dinheiro nessa ideia.

Web3, DAOs… wtf!

Traz um certo alívio notar que tantos dos presentes ainda não conseguiram absorver em completude o que, afinal de contas, a terceira fase da web trará. Diferentemente do metaverso, a web3 não é uma aposta, é uma tendência de evolução. Organizações autônomas descentralizadas (DAOs) soam bem aos ouvidos, mas os meios para que tudo isso se torne nossa realidade ainda estão bastante nublados.

O tema é complexo, muitos dos experts da Singularity University estão se dedicando a abordá-lo com didática smooth, mas ainda precisa de muito estudo e de mais especialistas que possam traduzir tudo isso a algo mais facilmente entendido.

O mundo é diverso em todos os sentidos e ponto final

Inclusão e diversidade foram temas presentes e abordados em todos os dias de evento. A retirada do foco no gênero foi proposta como tendência para as organizações, deixando na mão dos próprios clientes e usuários o papel de decidir como eles se identificam.

Em termos de business, nem tudo fica na mão das big techs, os psicodélicos ocuparam o espaço do blockchain nas rodas de discussão em termos de tendência para investimentos. Existe, obviamente, muito preconceito em torno do tema, mas o tabu claramente está perdendo poder. A saúde mental ganhou relevância ao longo da pandemia e termos tido abordagens psiquiátricas, com interação de drogas psicodélicas, que funcionaram no tratamento de depressão, ansiedade e pânico, mostraram que esse é um caminho promissor.

Alimentos sintéticos podem nos causar estranheza, mas aqui também entra a necessidade de olharmos a big picture. Desperdício e fome são extremos de uma mesma discussão: o futuro da comida. E esse também é um tema para ficarmos de olho.

Me despeço do meu quarto ano de SXSW, e 30º ano do próprio festival, com o sentimento de satisfação por ter feito conexões fantásticas e visto de perto as tendências que pautarão as maiores discussões de 2022. Volto ao Brasil carregado de insights para a próxima edição da HSM Expo, os summities da Singularity University Brazil e cursos de ambas. Mal posso esperar para explorar as múltiplas possibilidades que as maiores mentes do mundo nos mostraram estar ao alcance de todos aqueles que estão dispostos a fazer parte da transformação. Até 2023!