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Tuyo faz público vibrar em show de abertura

Citados por The New York Times como melhor banda na edição anterior, TUYO faz três apresentações no festival em 2022


23 de março de 2022 - 19h23

Créditos: @bigredmuse Ann Alva Wieding

Música foi sem dúvidas uma das pautas mais crescentes neste ano no SXSW. Além de  um bloco exclusivo de música, era grande a quantidade de ativações e speakers apresentando  a música como objeto de estudo para inovação e criatividade nos dias atuais. 

A música como objeto de conexão, de criatividade e de experiência foi o que permeou  nos últimos anos de festival, e neste ano SXSW trouxe uma banda multi o resultado disso foi  o Show de abertura da banda brasileira TUYO, formada por Lio Soares, Lay Soares e Machado. 

Tuyo fez o festival vibrar, e quem assistiu de modo presencial ou online teve o mesmo  sentimento: de mergulhar na arte e estética através da música. É notório a potência global que a banda tem e apresentou, com musicas do novo disco: “Sozinhos em casa”

Créditos: @bigredmuse Ann Alva Wieding 

Depois de uma performance emocionante e elogiada por The New York  Times como uma das melhores bandas ao apresentarem no SXSW 2021 na edição digital, o  que esperaríamos de 2022? TUDO, isso mesmo, a banda Tudo não prometeu nada, mas  segue entregando tudo, com três apresentações que foram verdadeiras experiência imersiva  na música.  

Quem acompanha o festival ao longo dos últimos ano vem percebendo as  transformações e avanços que a sociedade vem passando, e encontrar uma banda brasileira  que consegue dialogar com essas linguagens que o festival propõe é empolgante, por isso  chamei eles para essa conversa para entender a experiência deles de festival, e para ouvir deles como é ser uma banda que representa o Brasil no maior festival do mundo de inovação  e criatividade.  

Confira a entrevista completa:  

Beatriz Lopes: Como foi receber o convite para estar mais uma vez no SXSW, só  que presencial? Quais foram as emoções do trio ao saber que estariam  representando o Brasil no maior festival de inovação do mundo? 

(Lio) Bom, acho que ser convidado por um festival desse tamanho pra participar enquanto  representante da música brasileira é uma responsabilidade muito bacana. A gente tá se  sentindo ridiculamente feliz, recompensado ano passado foi um ano de tanto trabalho pra  nós, de tanta construção do discurso desse disco, de ter sido chamado novamente, a gente  recebeu a notícia do mesmo jeito que a gente recebe toda vez que a gente vence alguma coisa  que a gente ganha, que a gente é reconhecido né? Com muito choro e muito muita felicidade.  Hoje a gente tava conversando sobre isso, sobre como tem sido leve, uma experiência leve,  quando a gente fala de responsabilidade, logo vem na cabeça o lance da pressão, mas eu sinto  que o que a gente tá sentindo aqui é uma grande comemoração do Chegamos Sozinhos, dos  lugares que ele alcançou, e para além disso também o lance da gente ter a oportunidade de  assistir outros shows de outros lugares com outras pessoas construindo também seus discursos  e aprendendo sempre, né?  

(Lay) Eu acho que está sendo uma grande virada de chave também, é um outro tipo de  experiência que a gente está vivendo e eu sinto nitidamente o acúmulo de experiências que  isso vai trazer pra gente, eu sinto que é uma caminhada bem bonita que a gente tá fazendo, tá  sendo um momento muito especial tanto pra banda e a equipe toda que está envolvida  também para que a gente esteja aqui, quanto pras nossas vidas pessoais, porque vai ser uma  grande virada de chave, assim, vida pessoal eu digo cada um no seu caminho na sua trajetória  como artista. 

2. Vocês abriram o festival de música na última quinta, e ao assistir deu para  sentir a emoção e energia de vocês no palco, como foi mostrar a arte de vocês  no Texas abrindo o SXSW? 

(Lio) A gente subiu no palco bastante apreensivo e tentando entender, tatear quais seriam as  barreiras da língua, se a audiência conseguiria compreender e quão abertos eles estariam. A  gente veio assim pra batalhar por um lugar, que é o que mais a gente faz. Mas, então logo a  gente no palco, os três a gente se olhou, olhou um pro outro, olhou pra turma que foi assistir  e todo mundo tinha uma coisa em comum, que era um baita sorriso no rosto, uma vontade  de estar ali, não só a gente enquanto artistas, mas muitas pessoas que trabalham em lugares  de pensar em tecnologia, pensar no futuro, pensar na comunicação e encontramos uma  turminha muito legal de brasileiros que estavam tão contentes quanto a gente, e que para  quem esse processo é tão novo quanto para nós, a gente comemorando as nossas primeiras  vezes, tava todo mundo lá pra assistir a gente. Chegaram cedo, garantiram seus lugares, a  casa lotada, as pessoas dançando porque no fim das contas o discurso que estava rolando era  que a música é a linguagem do Globo Terrestre. Então, pra gente foi uma delícia ver o povo balbuciando o nosso nome, dançando as nossas canções, ouvindo as nossas músicas e a gente  ganhou flor, beijo, abraço, cerveja foi muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito  inspirador. Então, aqui agora gravando essa entrevista e já se preparando pro segundo show, a  sensação é completamente diferente, a gente já tá mais seguro, mais tranquilo, em paz,  sabendo que o que a gente apresenta, do que a gente divide com as pessoas faz sentido pra  elas também, mesmo elas não entendendo, elas são capazes de sentir. 

(Machado) A gente conseguiu chegar um pouco antes até. E aí, quando a gente chegou não  era o movimento oficial assim do rolê da música, ainda era uma fase que o festival de  inovação a galera da tecnologia ainda estava expondo e tendo palestras sobre isso assim. E aí,  foi doido porque parecia o rolê da música quando eu cheguei porque tudo falava sobre como  a música é importante em todos os processos de inovação que tão construindo, seja de  qualquer plataforma nova ou seja qualquer plataforma nova e gente querendo inovar trazer  solução para a indústria da música também. Enfim, eu acho que a gente tá recebendo o  privilégio de poder acompanhar essas discussões ainda no início, eu acho. E é importante  também passar, começar a discutir isso com nossos amigos também, com os mais próximos  assim. Porque tem muita coisa de conhecimento e que a gente pode ter e que a gente pode se  aperfeiçoar para trazer mais oportunidade pro nosso cenário mesmo, pro nosso mercado e  também dá pra olhar para agora que começou o rolê do pessoal tocar nas casas. Dá pra ver  várias bandas amigas que poderiam estar ali também tocando e a gente o que dizer  culturalmente e de inovação também do nosso próprio mercado, sendo muito importante  para pra ser dito aqui também, eu acho. 

Créditos: @bigredmuse Ann Alva Wieding 

3. O disco Chegamos Sozinhos em Casa é um presente para quem ouve e  assiste, e nas três partes que foi divido dá para perceber a estética e arte presente em cada canção. Estando em um festival de inovação, como vocês  enxergam a música e seus processos no “futuro” e o que vocês esperam como  artistas? 

(Lio) O que a gente espera do futuro, acho que complementando o que já falamos, é dialogar  com essas linguagens, né? Estar sempre atento para saber o que que está acontecendo ao  nosso redor, ao nosso entorno, a gente vive numa era no Brasil de tanto conservadorismo, de  tanta ré e está sendo muito provocativo ter tanto contato com ferramentas e planejamentos de  futuro, expectativas de futuro, especulações de futuro. O que a gente quer enquanto artista é  tocar em Marte, né? Tocar no Brasil todo, tocar no Globo Terrestre que a gente gosta de  conversar. A gente quer dialogar com o máximo de pessoas possível e está sendo muito  bacana entender que a língua não é uma barreira. 

4. O que vocês fazem é inspirador, e por ser uma banda formada por pessoas  pretas e mostrar a arte de vocês em um festival que por muito tempo foi  ocupado por uma elite branca, abre caminhos e se tornam referência. Qual a  mensagem que vocês deixam para artistas pretos que sonham em apresentar e  ocupar festivais como esses, e que por falta de referências nunca nem  almejaram espaços como este? 

(Lio) Ah, acho que a mensagem que a gente deixa é que aí… difícil! São tantas coisas que dá  vontade de dividir, dá vontade de falar. Mas eu sinto que talvez a principal delas é que o

futuro bate na porta até de quem se alimenta de passado, e por mais resistências que nós  tenhamos na nossa caminhada, é irreversível que o poder gradativamente vá transicionando  de mãos. É a nossa vez. Acho que sempre foi, a gente fez ter a nossa vez, não a gente só Tuyo,  né? Pessoas pretas que pensam arte, criatividade, que pensam futuro, pensam presente que,  apesar do tratamento que a sociedade entrega pra gente, a gente ainda insiste em fazer parte  dela, compor, aperfeiçoar os mecanismos de se relacionar que a gente tem hoje. Então dói  demais, é muito difícil, mas é irreversível essa convicção de que a gente tem de que a gente  não volta mais para o lugar de onde a gente veio, de ainda mais dificuldade, ainda mais  obstáculos, é bastante esperançoso e é uma palavra de esperança, um fato, é uma coisa  concreta. Então, acho que o que a gente deixa de mensagem é que é muito, inclusive é muito  gostoso quando a gente se encontra. Venham, venham pra gente se encontrar mais. Tá cheio  de preto aqui em Austin, gente. Não tenham medo, não tenham medo! Vamos. 

Tuyo foi um dos grandes macros do festival, e para quem quer continuar mergulhando na  estética e experiência da musica através do trio acompanhe em suas redes sociais ou no site: https://www.oituyo.com.br/.

E, do lado de cá, seguimos impactados e já ansiosos para a próxima performance da banda.

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