O futuro que ainda não aconteceu
AI, VR, AR, wearables, segurança nas redes, design responsivo, a nova economia, nenhum grande tema passou incólume pela crítica do escritor e jornalista Bruce Sterling
AI, VR, AR, wearables, segurança nas redes, design responsivo, a nova economia, nenhum grande tema passou incólume pela crítica do escritor e jornalista Bruce Sterling
6 de março de 2018 - 11h11
Começo o SXSW 2018 de onde parei: com uma inquietação após o discurso de fechamento do evento no ano passado, feito pelo escritor e jornalista Bruce Sterling, com o tema The Future: History that Hasn’t Happened Yet. AI, VR, AR, Wearables, segurança nas redes, design responsivo, a nova economia, entre outros, nenhum grande tema passou incólume pela crítica ferrenha e irônica do lendário guru cyberpunk, provocando risadas e certo incômodo a quem ouvia.
O humor do texto não escondia o cansaço e ceticismo que o permeavam. Sterling alertava sobre as consequências da fixação dos humanos por robôs e inteligências artificiais. Robôs e AIs que, em um futuro não muito distante e automatizado, devem tornar humanos inúteis e empregos, da grande maioria, obsoletos. A segunda parte do discurso pintava cenários de uma sociedade em que a maioria não terá trabalho e viverá de UBI (Universal Basic Income / Renda Básica Universal).
A provocação para uma plateia de entusiastas da tecnologia e inovação faz sentido. Uma parcela dela, inclusive, talvez não seja afetada pela automação de funções ou, pelo menos, acredita que não será. Com isso, certamente, estão mais preocupados em descobrir ou adotar o próximo gadget tecnológico, do que em resolver problemas da sociedade.
Eu me divido entre o entusiasmo pelos avanços tecnológicos, androides que conversam, carros autodirigíeis e celulares cada vez mais inteligentes, e a decepção com a falta de mudanças e soluções estruturais. Estar em Austin e ser exposta a esses conteúdos já ajuda a ser mais consciente e reflexiva sobre um futuro que vai além do próximo sistema operacional. Ouvir gente como Bernie Sanders, Melinda Gates e Barry Jenkins, que estarão no evento esse ano, faz a gente acreditar que há esperança. E talvez seja um pouco disso tudo que o SXSW seja capaz de trazer: espanto, reflexões e inspiração.
No discurso, Bruce diz que não sabe porque as pessoas continuam voltando ao SXSW todo ano. E ele também não sabe porque, mas sempre volta. É meu 3º ano de festival e acho que não será o último.
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