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Combate à intolerância e a responsabilidade das plataformas

Sadiq Khan, prefeito de Londres, não poupou críticas às plataformas de tecnologia como Facebook pela falta de controle de mensagens de ódio postadas diariamente contra diversas minorias étnicas, religiosas ou mesmo pessoas com visões políticas distintas


13 de março de 2018 - 12h10

Sadiq Khan (crédito: reprodução)

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, foi Convergence Keynote no dia de hoje no SXSW 2018. Em seu discurso ele não poupou críticas às plataformas de tecnologia, como Facebook, Twitter, Google, pela falta de controle de mensagens de ódio postadas diariamente nas mesmas, contra diversas minorias étnicas, religiosas ou mesmo pessoas com visões políticas distintas. Como exemplo, ele leu 6 tweets que recebeu nos últimos tempos, que o atacam abertamente e fazem ameaças diretas de morte, depreciando-o em função de sua origem e religião muçulmana.

O efeito negativo desse tipo de ataque a pessoas públicas em plataformas abertas, diz Sadiq, vai muito além dele e de sua família. Jovens que eventualmente se interessam em ingressar na política e, assim, ajudariam a renová-la, podem sentir-se intimidados com as ameaças e desistir da ideia. Por outro lado, jovens muçulmanos que vivem em cidades ocidentais como Londres e que muitas vezes são socialmente desfavorecidos, quando lêem estes ataques no Twitter, sentem-se ainda mais vulneráveis e desamparados, já que nem mesmo o prefeito consegue escapar do ódio das pessoas, que dirá jovens pobres de periferia.

Sadiq reconhece que as empresas de tecnologia citadas estão fazendo esforços para coibir esse tipo de ataques, principalmente depois de receberem grande pressão de fora. Mas, segundo ele, poderiam fazer mais e, principalmente, mais rapidamente. Isso nos remete também à questão de fake news. Durante muito tempo as plataformas se valeram do grande tráfego gerado pelas notícias falsas distribuídas através delas e só se mobilizaram a contê-las quando a pressão de fora veio com mais força. Os efeitos negativos já causados por esse atraso na reação são conhecidos e passam, entre outros, pela eleição de presidente americano mais despreparado da história.

Facebook, Google, Twitter e todas as demais empresas líderes de ad tech são importante agentes da transformação tecnológica e comportamental que vivemos e contribuem diariamente para a sua evolução. Contudo, não podem fugir da responsabilidade do impacto social que são capazes de causar e não podem se esconder atrás de uma posição/discurso de “plataforma que não produz conteúdo”. Se as pessoas consomem o conteúdo ali, as empresas são igualmente responsáveis por esse conteúdo e tem a obrigação de ser eficientes na eliminação de discursos de ódio e ataques pessoais a indivíduos. E, se não o fizerem, serão cada vez mais cobrados pela sociedade e por pessoas públicas como Sadiq Khan.

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