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Michael Sorrell inspira com história sobre reinvenção da faculdade

Ele falou sobre como, ao longo dos últimos anos, ele transformou sua faculdade em um movimento, com um único objetivo: acabar com a pobreza nos Estados Unidos


14 de março de 2018 - 11h20

Michael Sorrell (crédito: reprodução)

No SXSW Edu, a palestra de Michael Sorrell, presidente da Paul Quinn College, em Dallas, Texas, falou sobre como, ao longo dos últimos anos, ele transformou sua faculdade em um movimento, com um único objetivo: acabar com a pobreza nos Estados Unidos.

Paul Quinn é uma faculdade tradicional da região. Foi fundada em 1872, por pastores evangélicos africanos, com o objetivo de educar os africanos libertados da escravidão. Já Sorrell assumiu em 2007, com a missão de reinventar a faculdade, que naquele momento passava por condições difíceis.

Para Sorrell, acabar com a pobreza passa por dar acesso a oportunidades de estudo e trabalho a grupos socialmente excluídos nos Estados Unidos, como negros, latinos e outros. Assim, a Quinn College abriu suas portas para estudantes de baixa renda – 80% se enquadram nesta categoria – e até mesmo aqueles que tiveram resultados acadêmicos medianos na escola. Amparando-se em seu lema, lead with love (“liderar com amor”), enxergou o potencial por trás de cada um de seus alunos e promoveu um ambiente para que esse potencial florescesse. Segundo ele, “alguns alunos não aprendem não porque não são capazes de aprender, e sim porque alguém não foi capaz de lhes ensinar”. Estimulou que esses alunos levantassem sua voz, se fizessem ouvir por suas comunidades e pelo país, e se permitissem ter sonhos muito ambiciosos para suas vidas.

Uma grande mudança que Sorrell fez foi tornar a Paul Quinn uma work college (faculdade técnica). Ele considerava o ensino superior americano em geral muito teórico e via a importância de uma formação mais orientada para a prática para o sucesso profissional de seus alunos. Além disso, observou que eles trabalhavam em período integral para pagar suas contas, o que lhes tirava a disposição física para ter uma vida acadêmica satisfatória. Resolveu, então, implementar o modelo de work college, sendo pioneiro no uso deste modelo em uma zona urbana nos Estados Unidos. Firmou parcerias com empresas para que elas tivessem programas de estágio remunerado para os alunos da Quinn Paul, e todos eles passassem a trabalhar compulsoriamente desde o primeiro semestre – mas, agora, uma quantidade de horas adequadas para uma vida acadêmica saudável e em um trabalho ligado à formação que faziam.

Mais que isso, Sorell extrapolou os muros da faculdade e levou seus valores e sua vontade de mudança para a comunidade no entorno da Paul Quin. Seu modelo mental é orientado para a coletividade e bem-estar da comunidade interna e externa à Paul Quinn. Durante sua gestão, a éthos da Paul Quinn tornou-se we over me, ou “‘nós’ acima de ‘eu’”. Assim, ele trouxe grandes conquistas sociais para o bairro, que era historicamente negligenciado pelas autoridades públicas.

Por exemplo, não havia um mercado sequer no bairro da faculdade, o que dificultava a rotina dos alunos e outros moradores. Sorrrell conversou com diversos empresários regionais na tentativa de convencê-los a investir em um mercado, no entanto, todos alegavam que o perfil dos residentes do bairro não se adequava a seus negócios. Sorrell não conseguiu quem investisse no mercado, mas insistiu tanto nessas conversas com empresários que conseguiu investimento para criar uma fazenda urbana no terreno da Paul Quinn. Apesar de a ideia ser um tanto quanto inusitada, o modelo foi um sucesso. A instituição passou a vender 90% dos alimentos produzidos para negócios locais e doar 10% para a população.

Agora, a Paul Quinn está idealizando criar sua rede de universidades pelos Estados Unidos. A ideia é disseminar suas ideias e valores país afora. Eles só vão dar-se por satisfeitos quando todos os americanos acessarem uma vida justa e digna.

Certamente aprendemos muitas lições valiosas com Michael Sorrell. Esperamos poder nos referenciar nesse caso tão inspirador para promover as mudanças sociais de que o Brasil precisa.

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