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O que diversidade e igualdade têm a ver com tecnologia e inovação?

Muito mais do que todo o conteúdo sobre tecnologia, branding e inovação, o que mais me chamou atenção no festival foi o discurso recorrente das palestrantes sobre responsabilização e contribuição ativa que cada um de nós deve ter


16 de março de 2018 - 10h47

A principal pauta desta edição do SXSW não foi nenhuma novidade. Muito mais do que todo o conteúdo sobre tecnologia, branding e inovação, o que mais me chamou atenção no festival foi o discurso recorrente das palestrantes sobre responsabilização e contribuição ativa que cada um de nós deve ter na busca pela igualdade que tanto se fala.

Este assunto realmente estava presente em todo tipo de palestra e painel. Foi empolgante ver. Em qualquer palco em que víamos uma mulher, escutávamos colocações assertivas sobre a necessidade urgente de paridade no ambiente de trabalho e aplausos animadíssimos da plateia.

Melinda Gates, Bozoma Saint John (CBO do Uber), Stacy Brown-Philpot (CEO do TaskRabbit) e Nina Shaw (advogada e uma das fundadoras do Time’s Up, entre muitas outras coisas) compartilharam histórias pessoais e o caminho que percorreram para transformar seus incômodos com a falta de representatividade em ações concretas.

O discurso calmo, didático e cirúrgico destas mulheres não surpreendeu em nada, mas nos chacoalhou. Nenhum argumento ali era novo ou surpreendente. Nenhum dado era inédito. Mas a repetição do óbvio e unânime evidenciou um problema: apesar de concordarmos com tudo que estava sendo dito, a maioria das pessoas ainda se coloca como observadora, pessoa comovida, mas não engajada e pouco ciente de seu próprio poder. Por que será? O que nos distrai?

Engraçado notar que, mesmo entre as palestrantes, todas relataram terem vivido um “momento a-há”. De uma forma ou de outra, cada uma destas mulheres notáveis chegou à mesma conclusão de Angela Davis, ativista americana, que disse: “eu não aceitarei mais as coisas que não posso mudar. Eu mudarei as coisas que não posso aceitar.”

Stacy Brown-Philpot, CEO do TaskRabbit e uma das poucas mulheres negras em cargos tão altos nos EUA, nos recomendou a seguinte reflexão: “voltem aos seus trabalhos e se perguntem: o que estou efetivamente fazendo para mudar as coisas com as quais não concordo? Com quem estou unindo forças? Quem estou puxando para cima enquanto subo até o topo?”

Bozoma Saint John declarou que uma de suas maiores motivações para se juntar ao Uber foi a oportunidade de ajudar a marca a trazer mais diversidade para o time. Afirmou que, de todos os seus desafios – e sabemos que quando se trata do Uber não são poucos –, ajudar a construir um time diverso, onde todos se sintam valorizados e seguros, é um dos mais importantes e também um dos mais empolgantes. Segundo ela, “se é o maior exemplo para tudo que está errado na nossa indústria, então, quando consertarmos, ninguém mais terá desculpa.”

Alguns palestrantes homens se juntaram ao coro abordando de forma direta questões sensíveis sobre o papel deles neste movimento. Em uma palestra chamada “Allies in equality: how diversity shapes a brand”, Wade Davis (ex-jogador da NFL) apresentou dicas e recomendações bem práticas para a plateia masculina, encorajando-os a assumir suas responsabilidades e se colocarem como aliados.

Foram dias empolgantes que me fizeram sentir convocada a fazer a minha parte e a trabalhar para aplicar o que aprendi no meu dia a dia, em cada decisão, reunião, processo de seleção, etc.

Afinal, depois de aplaudir de pé tantas pessoas inspiradoras, ficar sentada apenas observando a conversa da plateia deixou de ser uma opção.

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