Publicidade

O primeiro aprendizado do SXSW 2019

Malas prontas pro SXSW e, desde já, o paradoxo da escolha, termo eternizado por Barry Schwartz, pesa sobre mim e em todos aqueles que seguem rumo ao festival

Luiz Gustavo Pacete
4 de março de 2019 - 13h40

Malas prontas pro SXSW e, desde já, o paradoxo da escolha, termo eternizado por Barry Schwartz, pesa sobre mim e em todos aqueles que seguem rumo ao festival. Ou melhor, aos festivais, já que são diversas temáticas dentro de um só evento: interactive, gaming, music, comedy, film… Infinitos conteúdos, conferências, partys, e-books e recomendações atraem quem pretende se aventurar em solo texano. FoMO no último nível.

A cidade ferve e a cabeça do viajante também.

Não tem jeito: assim como o mundo no século 21, o SXSW não facilita as coisas para quem pretende descobri-lo. Há que se fazer escolhas, e apesar de todos os avanços em biohacking e cognitive science, ainda somos seres dotados de apenas uma cabeça, corpo e membros. Ao lidar com as inúmeras dúvidas em decidir sobre o que fazer no SXSW, saímos com uma certeza apenas: perderemos muita coisa. Pegando emprestado um conceito da turma do mercado financeiro, este é um investimento com custo de oportunidade alto. Quando sair de uma palestra, você certamente será informado que perdeu a experiência da sua vida, logo ali na sala ao lado.

Por isso, o fascínio do festival está exatamente em ser uma metáfora de nossa experiência terrena: cada um há que encontrar seu caminho e fazer suas descobertas por conta própria neste mundinho. O SXSW não trará uma grande conclusão reveladora. Não haverá a iluminação religiosa de um caminho a seguir. Tampouco uma nova tecnologia capaz de resolver, de forma definitiva, o caos do mundo. O conteúdo virá fragmentado e desconectado, cabendo ao participante a síntese e eventuais conclusões. E, na boa, que bom que será assim.

Yuval Noah Harari, o genial historiador autor de “Sapiens” e do mais recente “21 lições para o século 21”, tornou conhecidas suas previsões distópicas para o futuro próximo. Mas, respondendo a quem lhe questiona, afirma que o seu papel é construir possibilidades, porém as nossas escolhas (e não-escolhas) do presente, a todo momento, alteram o futuro atrás da porta. No melhor estilo butterfly effect. E completa: afinal, se o futuro já estivesse definido, não haveria sequer a necessidade dele escrever livros ou as pessoas estudarem o tema. O que nos cabe, portanto, é avaliar os cenários, nos aprofundar na compreensão do problema, trazer a discussão para a pauta do dia e, claro, ganhar consciência do tamanho da nossa ignorância.

Talvez esse seja o primeiro aprendizado do South by Southwest 2019, mesmo antes de começar: não há futuro previamente desenhado, senão o próprio festival perderia o sentido. A caminho do aeroporto, me atualizo nas conversas em alguns dos inúmeros grupos de WhatsApp criados para o evento. Alguém reclama que o SXSW é caótico, mas penso que isto é provavelmente uma de suas maiores qualidades. Sinal que o festival está sendo fiel em simular a realidade do lado de fora.

Publicidade

Compartilhe

  • Temas

Patrocínio