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Produtoras se tornam espectadoras no SXSW

Mais de 15 produtoras brasileiras estarão no evento em 2019, em busca de referências de storytelling e insights que extrapolam os limites de seus negócios

Karina Balan Julio
7 de março de 2019 - 11h00

O mercado de produção de vídeo conta com uma agenda anual bastante atribulada. Cannes Film Festival; Festival de Cinema de Veneza; Festival de TriBeCa, em Nova York; TIFF, no Canadá; Sundance e o Festival de Cinema de Gramado são alguns dos festivais mais direcionados a entretenimento e cinema. Mas onde se situa o South by Southwest no roteiro de eventos internacionais das produtoras, e o que exatamente elas buscam em Austin?

Em 2019, mais de 15 produtoras de diversas regiões e portes levam representantes ao SXSW: O2, Barry Company, Broders, Stink, Vetor Zero, Cine, TV Pinguim, Videocubo, super8, Raia Filmes, Vitrine, Fantástica Filmes, Junglebee, A Fantástica Fábrica de Filmes, Visorama e Sétima são algumas delas.

Alberto Lopes, da Vetor Zero.

A motivação mais óbvia das produtoras no evento é a busca por referências criativas, já que união entre inovação, interatividade, cinema e música compõe um mosaico não-convencional para roteiristas, diretores de cena e gestores de projetos audiovisuais.

“Além de Austin ser uma cidade mais do que especial por si própria, os assuntos são apresentados de uma maneira mais completa e menos dirigida do que em outros festivais”, avalia Alberto Lopes, Sócio e Produtor Executivo da Vetor Zero, produtora que vai ao SXSW pelo quinto ano consecutivo.

A Barry Company também aposta no festival como indispensável para reciclar os conhecimentos da equipe. “Não se trata de um festival para ganhar prêmios e sair na mídia, e sim de um lugar para levar para casa experiências e aprendizados”, afirma  Juliana Martellotta, produtora executiva associada.

 

Dependendo do momento de negócios de cada empresa, o foco no evento pode enveredar mais para um assunto do que para outro. A Vetor e a Barry Company, por exemplo, darão atenção especial à assuntos como narrativas imersivas e realidade estendida (XR).

Já a Conspiração quer investigar temas universais, motivo que leva a produtora a enviar ao SXSW representantes de seu núcleo Hysteria, hub de conteúdo feito por mulheres em diversos formatos além do vídeo. Carolina Albuquerque, diretora do Hysteria, está particularmente interessada em temas como saúde, políticas públicas, futuro do trabalho, igualdade de gênero e branded content.

“Um dos meus focos será sobre como construir novas narrativas e experiências para marcas, que podem envolver uma visita a um museu ou o engajamento de uma empresa com temas de impacto social. Estarei de olho em tudo relacionado a brand entertainment e branded publishing”, conta.

De produtoras a espectadoras

Foto: Juliana Martellotta, produtora executiva associada da Barry Company.

Acostumadas com diárias frenéticas de planejamento e pré-produção, companhias de produção têm no SXSW um momento de “pausa”, onde são mais espectadoras do que produtoras de conteúdo. Alberto, da Vetor, conta que o time da produtora às vezes chega a maratonar até quatro filmes por dia nas tracks de Film e Episodics.

A Cine, que vai ao festival pela primeira vez este ano, quer acompanhar a produção audiovisual independente e pincelar os destaques do Film Festival, que inclui masterclasses e painéis com figuras como Jodie Foster, David Rogier e Harmony Korine. “Entender a produção e criação e temas do storytelling atual faz parte do nosso alimento criativo e sempre será o cerne do nosso DNA”, diz Paula Dalga, head de criação da Cine.

Na opinião de Juliana, da Barry Company, também vale ficar de olho na programação sobre carreiras e liderança. “Neste ano, temos muitas palestras voltadas não apenas para criação e direção, mas também para executivos de produção. Há muitos painéis interessantes sobre os dilemas, soluções e estratégias da produção e também sobre carreira, psicologia e carreiras como um todo”, diz.

Networking internacional

Carol Abuquerque, líder do núcleo Hysteria, da Conspiração. Foto: Laís Aranha

Para a Vetor Zero, que conta com uma operação nos Estados Unidos (através do braço de animação Lobo), estar em um ambiente cheio de potenciais clientes e parceiros é um dos atrativos do festival. “O networking com agências nacionais e internacionais se torna mais importante para nós”, diz Alberto Lopes.

Já a equipe da Hysteria enxerga no SXSW uma oportunidade de respirar as principais discussões da atualidade, para eventualmente transpô-las para novos conteúdos. “O evento centraliza debates atuais. É uma oportunidade para ampliar a nossa rede, a nossa atuação e a possibilidade de criar projetos internacionais”, diz Carolina Albuquerque.

Olhar holístico

Paula Dalga, da Cine. Foto: Divulgação

O fato de que o SXSW não foca somente em assuntos sobre produção e publicidade também motiva produtoras presentes a repensarem suas entregas e modelos de negócio. A criatividade está não apenas na criação das narrativas, mas também em como viabilizar a nossa produção de uma maneira sustentável e econômica, sempre com alto nível de qualidade. Por isto é importante estarmos em contato com temas que não se limitem ao nosso universo, e que aumentem nosso entendimento global de como trabalhamos e transmitimos essas narrativas”, avalia Paula Dalga. Ela espera levar de volta para o time no Brasil insights sobre inteligência, política, mobilidade e música.

Para retornarem ao Brasil com um olhar expandido, é importante que produtoras procurem uma programação variada e equilibrada no SXSW, na avaliação de Alberto, da Vetor Zero. “A verdadeira força está na integração das disciplinas. Você é o que você consome, portanto precisa comer bem”, brinca.

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