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O South by do ativismo social

Vamos falar de assédio, racismo e diversidade


8 de março de 2019 - 17h13

Antes de começar a falar das minhas expectativas deixem eu me apresentar. Sou Rafael Mendes, um engenheiro civil apaixonado por tecnologia e inovação. Larguei as obras no Brasil para estudar e trabalhar no Vale do Silício, e mesmo morando tão perto por tanto tempo, nunca tive a chance de ir ao South by Southwest, o que foi até um pouco frustrante. A oportunidade de participar de um dos eventos mais importantes do mundo me deixou extremamente motivado.

(Crédito: Elyssa Fahndrich/Unsplash)

O South by, para os íntimos, ou SXSW, é um evento extremamente plural. Apesar de nunca ter ido, leio muito sobre ele há algum tempo. Minha motivação nasce dessa pluralidade e da diversidade de pessoas que estarão lá, falando e assistindo. A lista de palestrantes deste ano é incrível e inclui: Howard Schultz, CEO do Starbucks, Kevin Systrom, co-fundador do Instagram, e Guy Kawasaki, um dos primeiros funcionários de Steve Jobs, além de ser um dos meus autores sobre startups favoritos.

Além deles, outros tantos me chamaram a atenção pelo assunto que trarão aos palcos. Assuntos como assédio e diversidade vão estar presentes em várias situações. Kimberly Bryant, fundadora da Black Girls CODE, por exemplo, vai discutir tecnologia e ativismo social. Outra mulher que me chamou atenção é Susan Fowier, ex-engenheira do Uber que denunciou casos de assédio na empresa. Ela vai falar sobre o poder de contar histórias pessoais, para tentar mudar o mundo rápido.

Hoje, cada vez mais, o universo da tecnologia se relaciona com temas delicados, como assédio, racismo e diversidade. Vários casos foram noticiados nos últimos anos envolvendo os gigantes da tecnologia. Além do caso de assédio no Uber, envolvendo uma das palestrantes do SXSW 2019, o movimento Google World Walkout foi manchete ao redor no mundo no final de 2018. Funcionários do Google pararam para protestar ao mesmo tempo, em vários lugares do mundo, em prol da igualdade de gênero na empresa. Esses casos mostram que apesar de tentarem criar um mundo melhor, as empresas de tecnologia pecam na área social, assim com a grande parte da nossa sociedade.

O ativismo dos funcionários mostra conscientização, assim como a pauta do South by. Conversar sobre assuntos delicados é necessário, ativismo é necessário, e o SXSW sai na frente ao favorecer essas discussões. Assim como o Estado da Califórnia, vanguardista em igualdade de gênero, que recentemente passou uma lei obrigando uma maior presença feminina nos conselhos das empresas locais. Se nós queremos aprender o segredo do sucesso das empresas do Vale do Silício, não podemos apenas olhar para a parte técnica ou comercial.

A parte social também é importante. Eu como homem, branco, não tenho lugar de fala em grande parte dessas discussões, me resta ouvir e aprender, para poder me tornar um ativista mais bem preparado. Por esse motivo, parte do meu tempo no Texas será para assistir palestras e painéis que abordam assédio, racismo e, principalmente, diversidade.

Em Austin, meu parâmetro para sucesso será assistir a palestras dessas pessoas que admiro. E mais que isso, espero também ouvir o maior número de palestras que envolvem tecnologia e inovação, pois é a área em que trabalho. Por último, e mais importante, espero poder conhecer o maior número de pessoas possível, pessoas de diferentes indústrias e diferentes culturas. Depois da minha experiência morando no Vale do Silício eu aprendi a importância do networking e da diversidade. Diversidade é o motor da inovação, ativo mais importante que qualquer empresa, ou sociedade, tem. Através dela o Vale virou o que é hoje, e eu acredito que é através dela que iremos criar um mundo melhor. Poder viver um momento ímpar desses, o SXSW, será um prazer.

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