Publicidade

Responsabilidade corporativa: estratégia de negócio

Howard Schultz, fundador e acionista da rede Starbucks, narra como é necessário que uma empresa trabalhe, também, a favor de seus empregados e da comunidade


10 de março de 2019 - 13h32

Cheguei aqui em Austin na sexta fim do dia. Errei a mão esse ano. Deveria ter vindo antes – ter chegado dia 6 ou 7, assim no dia 8 – dia internacional da mulher e o primeiro dia de palestras – teria visto varias palestras sobre mulheres e liderança feminina, mas enfim – ontem foi meu primeiro dia e fui a 6. Uma maratona total.

As 3 melhores do dia foram na minha opinião Howard Schultz, Amy Webb falando de Tech Trends (eu vi ela ano passado e ficou no meu Top 3) e no fim da tarde vi uma sobre o que a china esta fazendo com AI e como isso vai mudar completamente a economia la – quem liderou foi uma executiva que era a CEO da WPP na Asia/Pacific e hoje em dia tem sua propria empresa/start-up. Fenomenal – os dados são chocantes e a historia da Wechat cada vez que ouço é muito impressionante. Aqui um dos videos que ela mostrou.

Mas vamos falar de Howard Schultz. Para mim foi emocionante – mesmo.

Uma pessoa com postura de estadista. Interessada no bem maior da população e não somente nos seus interesses pessoais, ou de pessoas da sua classe social. Como ele disse várias vezes no dia, “It’s urgent and the time has come for all of us to put country over party”. O país acima dos partidos. O País e o bem de todos acima da identidade política da esquerda versus a direita. Algo familiar no discurso ??? Eu fiquei impressionada com o numero de paralelos que são possiveis se traçar hoje sobre a situação politica dos Estados Unidos e a nossa no Brasil, e de outros paises tambem como o Reino Unido, pós Brexit – e o caos que se instaurou lá.

Ele falou muito do papel das corporações na mudança do país. Como os empresários e as empresas precisam balancear melhor lucro e retorno ao acionista e humanidade, e impacto nas comunicades em que atuam. O segredo de successo de acordo com ele sobre o Starbucks (empresa que ele fundou e é o principal acionista), esta na cultura corporativa que eles criaram e como conseguiram achar uma maneira de realmente engajar 100% dos empregados. Foi a primeira empresa nos Estados Unidos a dar participação nos lucros a empregados temporários e isso na visão dele é o principal segredo do sucesso do starbucks. Todos os seus colaboradores tem 14% do seu salario total em salario variável atrelado ao resultados da empresa. Não são os grão de café, ou a linha de produtos, ou as 30.000 lojas, ou a qualidade do serviço. A cultura que a empresa criou que gerou um nível de engajamento interno enorme entre os seus 400.000 colaboradores.

No dia 7 Ester Perrel falou muito sobre a importância dos soft skills hoje no mundo corporativo e da importância de relacionamento entre as pessoas. Que os soft skills são hoje muito mais valorizados e mais importantes que os hard technical skills de um profissional, ainda mais no topo da escada corporativa.

Mas voltando ao Schultz, A prioridade dele é o pais todo. Falou do poder de “nós” do poder do “todo” ao invés do individual, falou de um sistema politico – com 2 partidos nos seus extremos – que está completamente quebrado. O mecanismo está quebrado. O nível de polarização nunca foi tão alto na politica no mundo inteiro. E o nível de disfuncionalidade – a maneira como o “mecanismo”  funciona e o que se precisa fazer – os conchavos, os acordos, os “acordões” para se chegar a algum lugar. Semelhança no ar ??

Os principais problemas da população hoje são educação, saúde e um plano de pensão/aposentadoria que seja sustentável, principalmente com o envelhecimento da população. Falta total de confiança e lideranças politicas para realmente fazer o Sistema mudar e as coisas começarem a funcionar. Se falou muito da concentração de renda – que foi um grandes temas de Davos esse ano – os bilionários que ficam cada vez mais bilionários e recebem enromes incentivos fiscais do governo para gerar empregos – que nem sempre pagam os incentivos que o governo deixou de receber – e os pobres que ficam cada vez mais pobres numa sociedade que marginaliza cada vez mais as pessoas.

Ele defende que as empresas poderiam pagar menor nivel de impostos mas em retorno teriam que devolver isso em beneficios concretos para seus empregados, colaboradores, e para as comunicades que elas tocam / impactam. Seguro de saude, educação, infraestrutura nas comunidades – melhoria da qualidade de vida das pessoas no final – isso impacta dramaticamente nao só a lealdade dos funcionarios, mas no final das contas o engajamento deles – o que por sua vez impacta o resultado da empresa positivamente e e temos ai entao um circulo virtuoso.

A responsabilidade corporativa nunca foi tão imporante como agora. Os consumidores das gerações Y e Z não querem trabalhar muito menos comprar marcas que vem de companhias que não tem um claro proposito e responsabilidade corporativa com resultados concretos. Não simplismente conversas e papo… resultados concretos nessa área. Falou que esta clarissimo que qualquer empresa que viva simplesmente para dar lucro pro acionista e não traga um benefício concreto para a sociedade na qual ela atua vai sofrer. No seu bottom-line. E eu acredito muito nisso também. O trust barometer da Edelmand fala disso há 5 anos.

Falou da reforma tributária que é urgente nos estados unidos justamente por causa disso, falou da reforma politica, da reforma de previdencia, da reforma do Sistema de saude e educação. Humm – Acho que ja ouvi isso em algum lugar…

Saí de la achando que nesse nosso mundo e no Brasil precisamos de pessoas como ele. De coragem, garra, determinação, experiência, e um “drive”  enorme para mudar esse sistema perverso, ineficiente, corrupto e ineficaz que temos hoje em muitos países do ocidente. Precisamos mesmo rever como tudo é feito, pensando no bem estar da maioria, e não somente meu e da minha família. E só na hora que isso acontecer é que conseguiremos construir uma sociendade mais justa, mais harmonica, mais sustentável e que vai proporcionar aos nossos netos e bisnetos um bom lugar pra se viver.

Eu votaria nele.

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio