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Reconhecimento facial é a nova identidade

Em palestra, Amy Webb levanta questões importantes relacionadas à "privacidade de dados" gerados constantemente por consumidores


11 de março de 2019 - 19h16

(Crédito: David Cassolato/Pexels)

A americana Amy Webb, futurista e fundadora do Future Today Institute, está entre os palestrantes de peso do SXSW 2019, em Austin, Texas. Em recentes apresentações, Amy levantou questões importantes relacionadas à “privacidade de dados” gerados constantemente por consumidores e as tendências quanto às “interações das marcas com seus clientes”, que devem permear o próximo ano.

Amy compartilhou as descobertas do último estudo publicado anualmente pelo instituto, intitulado Tech Trends Report. O levantamento traz um alerta para o grande volume de informações geradas pelas pessoas, seja de forma intencional ou involuntária. Mais do que isso, os desafios que as empresas estão tendo que enfrentar para armazenar e proteger esses dados ao serem extraídos, refinados, analisados e monetizados para alavancar negócios.

Falando sobre evolução digital, há quatro anos atrás éramos cerca de 3,2 bilhões de pessoas conectadas à internet. A estimativa é que, entre 2022 e 2025, o mundo todo praticamente estará navegando pela web. Na China, eram 176 milhões de câmeras de segurança em 2017. Para 2020, esse número deve chegar a 626 milhões. Ainda para o próximo ano, todos os táxis chineses deverão ser elétricos e 85% das interações das marcas com seus clientes no país vão acontecer através de máquinas, como diferencial entre as empresas imersas no mercado competitivo.

Esse cenário também vai de encontro a um outro tema do relatório destacado por Amy, que é o impacto da inteligência artificial nas interações entre diferentes indústrias e plataformas. Um experimento de reconhecimento facial em Guiyang (onde a população é de mais de 4,3 milhões de pessoas), um repórter da BBC foi encontrado na cidade pelo sistema em apenas sete minutos.

Assim, o uso de reconhecimento facial pode ser utilizado em diversas esferas. Em um parque de Beijing, a tecnologia é aplicada para controlar a quantidade de papel higiênico, que cada pessoa pode usar no banheiro a cada nove minutos. A polícia chinesa também faz uso de óculos com recursos de inteligência artificial, para facilitar o reconhecimento facial de pessoas em lugares públicos, como em estações de trem. A qualidade de análise das imagens é surpreendente. Startups como a Sense Time, revelam que a média é de um erro em cada 10 milhões de rostos, considerando uma base de 500 milhões de rostos de pessoas. Não há dúvidas: o reconhecimento facial tornou-se a nova identidade, o novo cookie.

A seguir, confira as principais tendências em tecnologia, que foram abordadas por Amy Webb no SXSW 2019:

1. Celulares e telas touch perdem força: vamos deixar a era das telas sensíveis ao toque e avançar para a era dos serviços de comando por voz. Até o fim de 2020, cerca da metade das interações que temos com os computadores será por voz. A Siri, da Apple, a Cortana, da Microsoft, e a Alexa, da Amazon, mostram essa realidade.

2. Interfaces de voz, gestos e reconhecimento facial ganham força: as assistentes virtuais e toda a inteligência utilizada para o reconhecimento facial, comprovam que essas tecnologias vieram para ficar. As assistentes oferecem as informações que precisamos. No entanto, não dependemos mais de uma única tela de entrada ou de uma série de telas, pois interagimos com os computadores com menos atrito, por meio da voz.

3. Automação doméstica será mainstream: a tecnologia estará em todos os ambientes da casa digital, desde recursos de gerenciamento de energia até os de segurança, iluminação de espaços e aparelhos inteligentes. A automação residencial continuará como uma grande tendência, que impactará diversos setores da indústria.

4. Manipulação e reconhecimento genético serão cada vez mais acessíveis: nos Estados Unidos, a popularidade dos testes de DNA ajuda as pessoas a saber quem são seus ancestrais, mas também facilita o reconhecimento sem a permissão ou conhecimento delas. Dados biométricos brutos podem ser carregados em bancos de dados de código aberto, permitindo que os usuários busquem por parentes em todas as plataformas de DNA. Entretanto, os dados compartilhados podem ser usados por terceiros.

5. Scanners biométricos vão estar cada vez mais presentes na vida das pessoas: quantificar e analisar os dados biométricos revelam padrões do que fazemos e isso mostra quem somos, o que estamos pensando e até o que devemos fazer em seguida. O relatório mostra que em um futuro próximo, os consumidores preocupados com a sua privacidade poderão buscar por camuflagem biométrica para fugir da inteligência de reconhecimento facial.

Daqui há uma década, com mil dólares será possível comprar o poder computacional equivalente ao cérebro humano. Em 2050, com o mesmo valor será possível adquirir o poder computacional equivalente a todos os cérebros humanos juntos! Portanto, as próximas duas décadas serão tão diferentes de qualquer coisa que já vivemos nos últimos cem anos.

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