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Diversidade: precisamos falar sobre isso

Painéis e debates na SXSW 2019 refletem mudança do mindset social, com destaque para a transformação nas relações


12 de março de 2019 - 13h52

 

(Crédito: Reprodução/Pexels)

Não poderia ser diferente. No mais significativo evento global dedicado ao pensamento criativo e inovador, a diversidade está na ordem do dia. Não de maneira etérea, como algo intangível, que se advoga, mas não se pratica, mas de forma concreta e transformadora, bem ao estilo de Austin.

Por mais que em muitos casos a diversidade nos ambientes corporativos ainda esteja restrita a um título no crachá ou uma mensagem estática no quadro de valores da recepção, é consenso que a nova mentalidade social, focada ao mesmo tempo no coletivo e na riqueza das diferenças, vem transformando as relações nas empresas – e no mundo.

Todos os painéis em que estive presente nesta etapa inicial da extensa programação do SXSW 2019, por exemplo, contaram com a participação de mulheres e, mais do que isso, acredito que em 90% dos casos eram elas que conduziam estes encontros. Iniciativas e movimentos como o #MeToo estimularam um novo olhar da sociedade para questões que impactam diretamente o empoderamento feminino, como equivalência salarial, assédio moral e sexual, feminicídios. E algumas reflexões foram surpreendentes e deram o que falar – e pensar.

Uma delas foi um painel onde mulheres atuantes no segmento de tecnologia discutiram a questão da usabilidade da internet, evidenciando como esse ainda é um universo predominantemente masculino. Mais de 90% das plataformas e aplicativos usados hoje foram desenvolvidos por equipes de engenheiros compostas apenas por homens. Não existe uma contribuição do olhar e do talento feminino nas decisões de design, nas diretrizes da experiência do usuário. Ou melhor, não existia. Uma pesquisa do LinkedIn apontou que somente entre 2008 e 2016 o número de mulheres que ocupam cargos de liderança no setor de tecnologia aumentou 18%. A função de User Experience Designer registrou uma alta de 67%, enquanto a de Web Developer cresceu 43%. Ainda há muito por trilhar, mas o caminho existe e começa a ser percorrido.

Outro debate extremamente interessante revelou que a importância do poder de compra das mulheres é subestimado. Sua influência no mercado de consumo é muito maior do que supõem as vãs filosofias de muitos profissionais de marketing que pararam no tempo. Não estamos falando aqui só de produtos desenhados para elas. 50% dos produtos tipicamente masculinos são adquiridos por mulheres.

O desafio da diversidade real não se encerra na busca transformadora pela igualdade de gênero. No novo ecossistema social, impulsionado pelas novas gerações, há que se ter lugar para as muitas raças, muitas culturas, muitas etnias, muitas ideias. Como afirmou recentemente Jim Bankoff, presidente do conglomerado de conteúdo digital Vox Media, não se trata mais apenas de se preocupar em contratar determinado número de mulheres para garantir um ambiente politicamente correto, mas da retenção destes talentos. Todos os profissionais hoje querem trabalhar em um lugar que seja plural.

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