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Falta de diversidade impede cidades de serem inteligentes

Fundadora do hub Smart City, a pesquisadora Stella Hiroki reforça que o Brasil tem muito a ensinar nesta disciplina e também é referência para o mundo

Luiz Gustavo Pacete
12 de março de 2019 - 10h00

Stella Hiroki: “Os projetos de tecnologia que delineiam a cidades são desenvolvidos na maioria das vezes por homens, brancos, ricos e do hemisfério Norte” (Crédito: Divulgação)

O Brasil possui seis capitais consideradas internacionalmente pelo ranking IESE como Inteligentes: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Brasília. E ainda há outras com projetos para se desenvolverem no conceito, como Florianópolis e Porto Alegre. Por meio delas, o País contribui para o contexto internacional como um exemplo na efetivação dos projetos através da integração Pública, Privada e Sociedade Civil, e também na prática da Economia Criativa para desenvolver novos negócios que impulsionem a economia dessas cidades.

Essa abordagem com foco no que há de positivo no Brasil em relação a boas práticas em termos de cidades inteligentes é a missão de Stella Hiroki, fundadora da Smart City, hub de conteúdo e pesquisa sobre o potencial do País em relação ao tema. Mostrar como cidades brasileiras contribuem para essa discussão foi uma das missões de Stella no SXSW ao falar sobre a contribuição do redesenho das cidades para um mundo mais conectado.

Stella Hiroki nasceu em Cascavel, no Paraná, longe das grandes áreas urbanas do Brasil e, segundo ela, sua paixão por entender os desafios de metrópoles a motivou a visitar 43 países. “Eu percebi que não havia conteúdo via vídeo que aproximasse as pessoas do tema de Cidades Inteligentes. Muitas vezes o público que assiste às minhas palestras pensa que há uma distância grande entre eles e a execução de um projeto de Cidades Inteligentes”, explica.

Songdo na Coreia do Sul, conseguiu, com a tecnologia, eliminar o odor de lixo da cidade (Crédito: Reprodução)

Ela reforça que é possível mostrar para o mundo que o Brasil tem potencial para ser referência em inovação urbana e também, a importância de levar conteúdo de qualidade para os jovens urbanos com o intuito de conscientizá-los que eles pertencem às suas cidades. “Ou seja, eles têm o direito e o dever de realizar projetos que melhorem seus espaços urbanos. Ainda falta uma perspectiva crítica para se divulgar o tema de Cidades Inteligentes e acaba por sempre repetir os mesmos exemplos da Europa e Ásia. ” Segundo ela, os últimos dez anos foram realmente a intensificação da implementação dos projetos de Cidades Inteligentes. “Muito já avançou, principalmente na integração entre Meio Ambiente e espaço urbano. Um exemplo ao extremo são as lixeiras à vácuo na cidade de Songdo na Coreia do Sul, onde este local desconhece o odor de lixo”, ilustra.

Stella alerta a importância da diversidade também para o tema das cidades inteligentes. “Os projetos de tecnologia que delineiam a cidades são desenvolvidos na maioria das vezes por homens, brancos, ricos e do hemisfério Norte, o chamado Brogrammer Culture. Junto a isso, a corrupção que aumenta ainda mais a desigualdade social são os grandes desafios que desaceleram as cidades a se tornarem inteligentes. ” Questionada sobre o desafio de implementação dessas cidades, ela reforça que mesmo quem mora nas áreas mais afastadas do centro da cidade pode realizar projetos possibilitados pela tecnologia que façam a diferença não apenas em seus bairros, mas também em suas cidades.

Curitiba está entre as seis capitais brasileiras consideradas internacionalmente pelo ranking IESE como Cidades Inteligentes (Crédito: Pixabay)

Em relação ao marketing e cidades inteligentes, ela reforça que há um vasto campo para as marcas empreenderem. “A Cidade Inteligente permite que a cidade seja uma grande produtora de informações. As marcas sabendo utilizar esse conhecimento conseguem fazer direcionamentos de consumo mais sustentáveis e que atendam as necessidades de seus consumidores, o que diminui o desperdício e dá mais eficiência ao mercado.”

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