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Geração sem barreiras

Novas gerações de cientistas devem contar com a colaboração de pessoas mais velhas e experientes, mas também devem ter a liberdade para testarem novas abordagens


12 de março de 2019 - 16h10

(Crédito: Anemone123/Pixabay)

Uma das coisas que aprendi sobre Inteligência Artificial aqui este ano, é que sua evolução e aplicações práticas não dependem apenas da capacidade de integrar soluções tecnológicas como Machine Learning, Computer Vision, Natural Language Processing (NLP) e Robótica, fazendo-as trabalharem de maneira sinérgica e complementar, mas também do nosso autoconhecimento e da nossa capacidade de mudança de mentalidade.

Na seção “Reforming Civilization with AI”, quatro jovens com idades entre 16 e 18 anos, especialistas em áreas como inteligência artificial, engenharia genética e computação quântica e que tem sido importantes expoentes em pesquisa e desenvolvimento científico em universidades no Canadá, deram a sua visão do que precisa acontecer para que o impacto de todas essas inovações tecnológicas seja relevante e ajude de fato a mudar o mundo para melhor.

Em parte, porque essa nova geração de cientistas já nasceu em um mundo digitalmente interconectado, mas também porque têm mentalidades mais plurais, o fato é que eles parecem ter muito menos barreiras mentais e éticas que seus colegas mais velhos e experientes e buscam cooperar e usar todos os recursos disponíveis no mundo para avançar em suas pesquisas e chegar aos resultados que esperam. Shalev Lifshits tem 16 anos e trabalha em pesquisas na universidade de Waterloo, no Canadá, para a criação de uma nova geração de inteligência artificial e também em um hospital para crianças, para acelerar o processo de busca por curas e medicamentos para diversas doenças. Ele explica que, hoje em dia, a Inteligência Artificial faz algumas coisas melhor que os humanos, que fazem outras coisas que as AIs ainda não fazem.

Em sua nova versão, a Artificial General Intelligence, as máquinas deverão ser capazes de fazer também todas essas coisas que hoje os humanos fazem melhor. Contudo, para que o sistema funcione, precisa ser alimentado por processos de informação do nosso cérebro sobre os quais nós ainda não temos pleno conhecimento. Seria necessário, então, ter um maior autoconhecimento, para garantir uma evolução exponencial da inteligência artificial e estarmos dispostos a ceder esse conhecimento às máquinas.

Hannah Le nasceu em Taiwan e, na adolescência, estava inconformada que um primo seu tinha problemas auditivos e que ninguém podia ajudá-lo. Ela então se dedicou a estudar o assunto e conseguiu contribuir de forma importante para a evolução na forma de tratamento não somente dessa doença, mas de várias outras, inclusive do câncer. Seguindo o insight de que as dez principais doenças que ainda matam pessoas hoje em dia estão todas relacionadas com um grande fator comum, que é o envelhecimento, ela propôs um caminho não muito ortodoxo de tratamento, que busca interferir e reverter o processo de envelhecimento das pessoas. Ela acredita que a efetividade do tratamento e os ganhos que produziriam na sociedade superam qualquer questão ética que possa ser usada como contra argumento para essa iniciativa.

Pessoalmente, acho importante que as novas gerações de cientistas possam sempre contar com a colaboração de pessoas mais velhas e experientes, mas igualmente acho importante que eles tenha liberdade e respaldo suficiente para testarem novas formas de abordagem e teorias disruptivas para encontrar soluções para os problemas que hoje em dia são insolúveis. Afinal, não pode haver inovação verdadeira se as regras antigas são sempre seguidas.

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