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“Instagram ficou menos autêntico com influenciadores”, dizem fundadores

Mike Krieger e Kevin Systrom lotaram sessão no SXSW, onde falaram sobre a transição da plataforma para o Facebook e sobre a possibilidade de abrirem outro negócio

Karina Balan Julio
12 de março de 2019 - 8h00

Foto: Jim Bennet

O crescimento do marketing de influência no Instagram trouxe novas oportunidades de produção de conteúdo e investimento para marcas, mas de certa forma também pasteurizou o conteúdo da plataforma. É o que pensam os fundadores do Instagram, Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger, presentes em uma sessão lotada do SXSW nesta segunda-feira, 11. Na ocasião, eles foram entrevistados pelo editor-chefe do Tech Crunch, Josh Constine.

“Pessoalmente, acho que o Instagram ficou menos autêntico por conta dessa cultura de influência”, disse o brasileiro Mike Krieger. “Quando influenciadores do Instagram começaram a aparecer, eu tinha uma visão ingênua de que o mercado se autoregularia, de que os conteúdos parecidos de influenciadores seriam menos interessantes para as pessoas ou teriam menos curtidas”, confessou Kevin.

O efeito foi o contrário, e, apesar das convicções pessoais dos fundadores, acabou gerando novos mecanismos de monetização na plataforma, pautados na relação entre influenciadores e marcas. “A cultura de influência teria emergido mesmo sem o Instagram, já que a atenção e o status são os ativos mais valiosos de qualquer rede social”, apontou Krieger.

A dupla criou o Instagram durante a faculdad e está em um período “sabático” desde setembro do ano passado, quando deixaram oficialmente o Facebook. À época, houve muita especulação sobre a saída de Krieger e Systrom, que teria sido motivada por discordâncias sobre os rumos da plataforma. A companhia foi vendida para o Facebook em 2012, em uma transação avaliada em US$ 1 bilhão.

Para Systrom, a perda de autonomia dos fundadores diante da aquisição pelo Facebook já era esperada e não prejudicou a dinâmica do negócio, pelo menos até a saída dos executivos. “Se quiséssemos criar escala, sabíamos que eventualmente perderíamos um pouco da nossa autonomia. Afinal, o Instagram não serve a nós, mas à comunidade de usuários. Com o Facebook, atingimos a 1 bilhão de usuários muito rapidamente, então acho que foi uma aposta que valeu a pena. Torço muito pelo Instagram e quero ver o que vão fazer nos próximos anos”, disse Kevin.

Adaptação em tempo real

O desapego a ideias rígidas do que era o Instagram foi o que levou a companhia a chegar tão longe, avaliam os cofundadores. Embora o app tenha nascido como uma plataforma de compartilhamento de fotos mobile, a empresa não teve medo de incorporar novos recursos e ideias que aparentemente fugiam à sua essência.

“As pessoas disseram que ‘matamos o Instagram’ quando colocamos recursos de vídeo na plataforma, depois quando lançamos a versão para Android e quando lançamos o Stories. Mas a verdade é que você não saberá o que é fundamental para a sua companhia enquanto não fizer mudanças e entender o que as pessoas realmente querem”, justificou Mike Krieger.

“Pense nas empresas que você admira e você verá que elas fizeram mudanças que em determinado momento pareceram muito dramáticas”, acrescentou Kevin.

Os próximos passos de Krieger e Systrom ainda não estão claros, embora a dupla pense em começar outro negócio. Assim como quando criaram o Instagram, atentos à popularização de câmeras de celular, eles querem encontrar outra inovação que valha um novo empreendimento. “Primeiro temos que identificar a próxima onda de consumo. E não temos pressa”, concluiu Mike Krieger.

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