Publicidade

Acessibilidade e Design

Para o Technical Program Manager do Google, Kiran Kaja, o bom design precisa ser acessível e útil ao maior número possível de pessoas


13 de março de 2019 - 8h52

 

(Crédito: reprodução/Pexels)

Kiran Kaja nasceu e cresceu em Hydrabad, na Índia. Ele é deficiente visual e, apesar das enormes barreiras que um deficiente tinha em seu país na época, conseguiu estudar e se formar, antes de emigrar para os EUA. Ele já passou por empresas como Adobe e SAP e hoje é Technical Program Manager no Google, trabalhando em produtos de acessibilidade da companhia. Ele faz sua palestra em pé, contando com a ajuda de um assistente de voz, que lhe indica o conteúdo de cada slide de sua apresentação, dando à audiência a reconfortante sensação de inclusão.

Kiran começa sua exposição com números que sempre chamam muita atenção. Há 1 bilhão de pessoas no mundo com alguma deficiência, sendo que 80% delas vivem em países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil. Além destas com estado permanente de deficiência, há outras inúmeras pessoas que sofrem de alguma incapacidade temporária, como, por exemplo, alguém que sofreu um acidente e não pode andar por alguns meses. Os portadores de deficiência movimentam anualmente 8 trilhões de dólares, sendo que há entre eles muitos que não estão empregados.

Esses dados, somados às obrigações legais já vigentes em muitos países, deveriam já ser suficientes para convencer a qualquer gestor de empresa a incluir soluções de acessibilidade em suas plataformas. Kiran, contudo, vai além e o faz de forma muito inteligente. Ele lembra que as aplicações de algumas das tecnologias de acessibilidade podem também ser usadas por outros grupos de pessoas, além dos portadores de deficiência. Por exemplo, assistentes com comandos de voz beneficiam deficientes visuais, mas também pessoas mais velhas com dificuldade de visão, pessoas disléxicas, míopes ou até mesmo analfabetos. Ou os assistentes de texto, que ajudam portadores de deficiência auditiva, mas também podem ser usados por pessoas com dificuldade auditiva ou de fala ou mesmo em ambientes muito barulhentos ou em zonas de silêncio. Ao incluir todos estes grupos, o púbico que pode consumir as soluções de acessibilidade aumenta consideravelmente e ajuda a justificar essas implementações.

Kiran Kaja tem uma teoria. Ele acredita que fazer design para o bilhão de portadores de deficiência no mundo não é diferente de fazer design para qualquer outra pessoa sem deficiência. Todos precisam de um bom design para fazer uso em escala de alguma plataforma. Para ele, bom design significa fazer algo acessível ao maior número possível de pessoas. Ela apresenta uma definição mais ampla de acessibilidade, fortemente relacionada com o design universal, que é o processo de criar produtos úteis para pessoas com o mais amplo espectro de habilidades, operando dentro do mais amplo espectro de situações possíveis. É sobre tornar as coisas acessíveis a todos, independente de serem portadores ou não de deficiências.

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio