O que a descoberta do CRISPR tem a ver com design? Tudo!
O novo processo de manipulação genética já é considerado uma das maiores descobertas do século XXI
O novo processo de manipulação genética já é considerado uma das maiores descobertas do século XXI
13 de março de 2019 - 13h40
Eu nunca tinha ouvido falar de CRISPR* e o assunto parece que teve seu lugar aqui no SXSW deste ano. Quando se ouve falar que algo é a maior descoberta científica do século XXI até o momento, melhor ao menos saber do que se trata.
Acabei indo a alguns painéis e ao lançamento do documentário Human Nature, do diretor Adam Bolt, que esclarece melhor o tema. Em resumo, CRISPR é um processo de manipulação genética muito mais simples, rápido, barato e portanto democrático que todos os outros processos já apresentados até hoje. Em um primeiro momento, interessa a todos que estão ou conhecem alguém que está acometido de alguma de doença grave, incluindo câncer.
Um cenário fantástico se descortina, no qual a manipulação genética pode impactar positivamente a vida de milhões, quem sabe até bilhões de pessoas. Algo a ver com design? Tudo.
Ajudar a criar todo um ecossistema de saúde tendo o ser humano no centro parece bastante familiar ao que fazemos todos os dias. Mas então começam todos os questionamentos: obviamente, a manipulação genética não se restringe apenas à cura de doenças em seres humanos, mas esbarra em uma interferência no código genético de todos os organismos vivos conhecidos. Animais, plantas, seres humanos, em tese, tudo isso pode ser manipulado para qualquer finalidade, entrando num terreno perigosíssimo que envolve boas e, eventualmente, más intenções. Como tudo na vida.
Por exemplo, a possibilidade de retardar o envelhecimento – o maior fator conhecido gerador de doenças da humanidade – pela manipulação por CRISPR (tema de um dos painéis conduzido por uma cientista de 16 anos, aliás) pode ter reações incalculáveis, que vão da superpopulação mundial à falta de alimentos para todos.
A partir daí, entramos em discussões éticas sobre o quanto podemos assumir o “papel de Deus” e através da edição de uma letra no código genético, mudar a vida de uma pessoa ou criar seres humanos modificados (experimento já realizado de forma clandestina na China).
No fim das contas, é para isso que servem eventos como o SXSW. Pra gente se desviar do que em tese viemos buscar e se deparar com um campo aberto de discussões e cenários incertos de futuro. É daí que brota a inspiração e o fôlego para voltar pra casa, sempre revendo e renovando a nossa atuação como designers.
* Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats
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