Reaprender a SENTIR, para que toda inovação não seja em vão
A abertura feita por Brené Brown foi um prenuncio para a série de reflexões sobre self-awareness, empatia e conexões humanas propostas pelo SXSW
A abertura feita por Brené Brown foi um prenuncio para a série de reflexões sobre self-awareness, empatia e conexões humanas propostas pelo SXSW
13 de março de 2019 - 11h43
Desde a primeira vez que estive em Austin, Texas, em 2015, para participar do South by Southwest (SXSW), vivenciei experiências transformadoras. Uma delas, que acredito que tenha sido a mais marcante, foi presenciar Lisa Miller, da New York Magazine, conduzindo uma conversa realmente surreal com Martine Rothblatt sobre inteligência artificial, imortalidade digital, impressão 3D de órgãos, transgeneridade e outros temas polêmicos e disruptivos na época. Com lotação máxima do auditório, naquele ano, Martine havia lançado o livro “Virtually Human: The Promise – and the Peril – of Digital Immortality”, uma obra argumentativa sobre os aspectos legais e éticos que poderiam levar softwares inteligentes a, um dia, terem os mesmos direitos que os seres humanos. Uau! Saí da sessão com a cabeça tonta.
Naquele ano, temas como inteligência artificial e machine learning ganhavam força, dominando a agenda de corporações e chamando a atenção do mundo todo.
Hoje, volto ao SXSW animada e ansiosa para assistir às sessões da edição 2019. A programação incluiu uma Keynote de abertura, que não perderia por nada. Quem estaria no palco seria nada mais, nada menos do que Brené Brown, uma psicóloga e pesquisadora best-seller. Mais do que isso, uma das minhas autoras preferidas, pois para mim, Brené é tocantemente brilhante. Como esperado, ela não decepcionou e abriu esse gigantesco evento falando de pertencimento, conexões humanas, civilidade e generosidade.
Agora, passados os primeiros dias do South by Southwest 2019, constato que não foi por acaso que Brené foi o Keynote de abertura. Sua missão foi apenas dar um start em uma enorme série de reflexões sobre self awareness, empatia, propósitos e conexões humanas, que estão entre os tópicos predominantes na maioria das sessões deste ano. Essas temáticas têm sido tão dominantes, que levarei na bagagem a certeza de que quanto mais falarmos sobre inovação e tecnologia, quanto mais a inteligência artificial se tornar realidade e impactar a nossa forma de viver, mais e mais perceberemos que só o que nos faz humanos de verdade é o que nos tornará capazes de nos destacar nesse universo digital e, de uma forma sadia, fazer uso de toda essa inovação para gerar resultados positivos.
Estamos ensinando as máquinas a pensar já há algum tempo e com muito sucesso, elas estão se tornando mais inteligentes. Para cada um de nós, é cada vez mais urgente reaprender a sentir. Nesta tarefa não podemos falhar ou, então, cairemos em uma previsão de cenário futuro mais pessimista e assustador. Quem assistiu à sessão de Amy Webb, sobre tendências de tecnologias emergentes e suas conexões, pode entender bem o que estou dizendo.
Portanto, não estamos falando sobre desconectar-se da tecnologia, mas conectar-se com ela de uma forma diferente. Há tempos atrás, comecei essa reflexão pessoal e isso me levou a um movimento real, que trouxe resultados exponenciais para minha vida pessoal e profissional. A tecnologia precisa ser a plataforma que me ajuda a ter acesso à informação, conectar com as pessoas de forma fluída e rápida. Ela habilita conexões e acessos que antes seriam impossíveis, mas não pode destruir a minha capacidade de ter foco, trazer angústia e medo de estar sempre perdendo um conteúdo importante.
Também não pode consumir a minha energia. É exatamente o oposto: a tecnologia tem que me impulsionar e me empoderar, inclusive para entender que muitas vezes estar off, conectada nas relações humanas da maneira mais tradicional possível, olhando no olho e sentindo o calor de um abraço é o que me faz mais forte e mais completa. Se você ainda não começou esse processo, o SXSW está evidenciando que a hora é agora.
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