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Além do empoderamento feminino: sua marca tem a ver com isso

No SXSW o discurso tem sido sobre equidade de forma ampla, com oportunidades e responsabilidades para as marcas


16 de março de 2019 - 17h52

Um tema presente em muitas das palestras a que assisti aqui em Austin foi “equidade”. Algo discutido de forma ampla, não específico sobre igualdade ou empoderamento feminino, de latinos, negros, dos menos favorecidos ou outros grupos específicos (como ocorreu em outros anos). Nesta edição, foi algo abordado por Alexandria Ocasio-Cortez (senadora por NY), Valerie Jarrett (senior adviser da Obama Foundation), Zoe Saldaña (empreendedora e atriz de Avatar, Guardiões da Galáxia, Vingadores), Howard Schultz (ex-CEO do Starbucks e atualmente possível candidato à presidência dos EUA) e outros.

De forma alguma digo que cada um desses temas não é importante, pois certamente são. Mas o fato de este ano prevalecer uma discussão mais ampla chamou ainda mais a minha atenção, pois ocorreu inclusive em palestras que tinham foco no feminino. Mesmo nelas, falou-se sobre entender o ser humano e buscar oportunidade de sermos mais relevantes no coletivo. Até mesmo na única das 30 e tantas palestras que fui até agora que realmente teve foco no feminino, Amanda Palmer encerrou seu discurso dizendo que busca sempre tomar o cuidado de não ser sexista ou segregacionista.

Nos diversos discursos em torno da “equidade”, falou-se também sobre formas de efetivamente colocá-la em prática, sobre o papel dos diferentes agentes da sociedade. E as marcas não ficaram de fora.

Na visão de Howard Schultz, as companhias têm um papel preponderante nesse sentido. Algo que, segundo ele, não farão apenas pela causa ou pela crença. Farão necessariamente buscando o lucro.

Trouxe como exemplo sua atuação numa marca de Seattle, onde implantou políticas de inclusão, oferecimento de oportunidades e, em última instância, a promoção de uma maior equidade. Foram a primeira empresa do país a implementar iniciativas em educação e saúde para todos os colaboradores. Algo que trouxe muitos frutos para a empresa: aumentou significativamente o engajamento e a produtividade, conseguiu também tangibilizar seus valores e, consequentemente, aprofundar ainda mais a conexão emocional com seus consumidores – gerando vendas.

Refletindo e buscando ir além do que trouxeram, entendo que a visão de que as empresas buscam lucro muitas vezes é criticada – especialmente quando envolvem causas. Concordo plenamente que não pode ser apenas um “pinkwashing”, “greenwashing” ou qualquer outra cor ou nome bonito que se queira utilizar. Porém, em muitas instâncias, o lucro também é importante. É algo preponderante, inclusive para a continuidade da própria corporação. A ponto, inclusive, de que a “sustentabilidade econômica” seja um dos componentes do Tripé da Sustentabilidade.

Estamos frente a uma grande oportunidade de amplificar a equidade. E talvez um bom caminho seja iniciarmos com essa reflexão: o que sua empresa e as marcas com que você trabalha fazem bem e que pode impactar de maneira ainda mais positiva a vida das pessoas?

 

Reforçando esse pensamento, houve a citação a Larry Fink (CEO da BlackRock): “O lucro não é de forma alguma incompatível com propósito; na verdade, eles estão intrinsecamente ligados”. Algo com que concordo muito. Em minha visão, precisamos buscar caminhos para trabalhar nossas marcas de forma a continuar promovendo o lucro, mas também contribuir com a sociedade.

Em sua palestra, Parag Mehta, que trabalhou no governo Obama e atualmente está na Mastercard, defendeu que uma ótima forma de implementar isso é “fazendo o bem através daquilo que fazemos melhor”. Não é sobre simplesmente colocar dinheiro, mas sim investir recursos. Expertise, foco na empresa, em seus colaborados e até mesmo potencializar a relação com nossos parceiros para exercitarmos aquilo que sabemos fazer de melhor. Promovermos, com isso, as atividades e resultados da empresa – e também um resultado mais positivo para a sociedade. É sobre entender nossas expertises, as necessidades das pessoas e buscarmos como podemos ser mais relevantes para elas.
Tangibilizando essa visão, citou uma oportunidade quando seu CEO estava em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Lá, conversando com o líder de uma importante empresa global de bens de consumo, mencionou que gostaria de poder impactar de forma mais positiva a vida de pequenos empreendedores em países em desenvolvimento. Ele entende que um dos maiores desafios dessas pessoas é a dificuldade em obter crédito para dar tração aos seus negócios. E que, sendo uma das expertises da Mastercard, ela poderia ter papel ainda mais ativo e positivo neste cenário, mas, para isso, vinha esbarrando na dificuldade de oferecerem comprovações mínimas que embasassem a segurança dessa concessão.

Na conversa, o interlocutor disse que poderia ajudar. Eles tinham todo o histórico de transação de muitos desses empreendedores quando abastecendo seus negócios. Ali, viabilizaram uma forma de, cada um exercitando sua expertise, serem muito relevantes na vida de diversas pessoas – sem, com isso, deixarem de promover também seus negócios: ampliaram a oferta de crédito e também a compra de produtos.
Esta forma de atuar no mundo pode ser uma trilha no caminho, no que sugeriu Ocasio-Cortez, de buscarmos lógicas que não sejam apenas binárias. De um necessariamente ter que perder para que outros ganhem.

Estamos frente a uma grande oportunidade de amplificar a equidade. E talvez um bom caminho seja iniciarmos com essa reflexão: o que sua empresa e as marcas com que você trabalha fazem bem e que pode impactar de maneira ainda mais positiva a vida das pessoas?

Como disse Zoe: “Temos de amplificar grandes mensagens para conseguir nos unir. Não seja o último a ‘embarcar nesse trem’”.

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