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Social media sem armas

Na contramão do Governo Bolsonaro, gigantes do Vale do Silício estão redesenhando seus emojis e abandonando os revólveres


16 de março de 2019 - 17h46

Estamos na reta final do SXSW 2019. No artigo anterior, listei algumas dicas para o evento do ano que vem, entre elas a sagacidade para descobrir painéis relevantes em meio a tanta efervescência. Foi nessa onda que eu encontrei o ótimo “Let’s Talk About the Gun Emoji” ou simplesmente “Vamos falar sobre o emoji de arma”, no último domingo (9/3).

O painel teve a voz de Mark Davis, presidente e co-fundador da Unicode, a instituição que supervisiona os emojis. Ele nos lembrou que a iniciativa de redesenhar as pistolinhas começou com a Apple, em 2016, motivada pela campanha #DisarmTheiPhone que ganhou força nas redes sociais no ano anterior em meio ao debate sobre desarmamento nos EUA. Dois anos depois, Google, Samsung e Twitter anunciaram seus novos desenhos, seguindo a mesma tendência.

Facebook e Microsoft permanecem “armados”, mas já anunciaram que estão trabalhando na mesma mudança. A empresa do Bill Gates inclusive divulgou neste tweet como será o novo design da sua pistola.

Ao lado de Mark, o professor Desmond Patton da Universidade de Columbia, especializado em comportamento humano em ambientes digitais, apresentou alguns estudos interessantes sobre o uso de emojis relacionados a violência. Por exemplo: quando uma pessoa posta, em um mesmo post, os caracteres de um homem correndo + uma arma + um diabinho, isso significa que esta pessoa tem um enorme potencial a cometer algum crime violento.

 

Dias após este painel, duas infelizes e perturbadoras coincidências aconteceram. Atentados com arma de fogo em Suzano/SP e na Nova Zelândia tiraram vidas e esquentaram ainda mais o debate sobre a posse de arma e – sobretudo – sua existência na sociedade. É uma longa jornada, porém no ambiente digital já podemos ir nos acostumando a ficar sem elas.

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