Uma crônica qualquer sobre um lugar do caralho
Há uma energia no ar, fluindo da cabeça de todos os participantes, espécie de aura luminescente extrafísica que brota do córtex cerebral de cada um que você encontra, velhos ou novos conhecidos
Há uma energia no ar, fluindo da cabeça de todos os participantes, espécie de aura luminescente extrafísica que brota do córtex cerebral de cada um que você encontra, velhos ou novos conhecidos
16 de março de 2019 - 18h02
Que a quantidade absurda de conteúdo em palestras, mostras, debates, filmes, instalações, feiras, shows aqui no SXSW é de encher os nossos corpos e mentes do mais puro desejo de transcender (hahaha), todo mundo já sabe.
Agora, pra ser sincero, o que mais me tocou foi a energia acumulada no ar. Uma energia que se você se concentrar e estimular a visão, consegue enxergar fluindo da cabeça de todos os participantes. Uma espécie de aura luminescente extrafísica que brota do córtex cerebral de cada um que você encontra pelos corredores conversando com velhos e novos conhecidos. Pelos corredores correndo pra tentar entrar em uma sala superlotada. Pelos corredores comendo o que tem para não precisar sair de uma fila. Ou mesmo dentro das ballrooms e das meeting rooms, assistindo a palestras interessantíssimas e a debates necessários para que então você tire suas próprias conclusões sobre se o futuro está valendo a pena ou se precisaremos repensar algumas questões.
A verdade verdadeira é que nem sempre o que assistimos é fantástico, mas no final das contas alguma nuance de conhecimento extra curricular acaba sobrando.
Um dos meus passatempos preferidos foi ficar olhando para as pessoas e analisando a mudança estética e de atitude que acontece no transcorrer do Festival. Desde o início com a galera da tecnologia, interatividade, branded e publicidade. Passando pelos cineastas e ficando cada vez mais divertido com os músicos das mais diferentes vertentes
Fato é que pessoas sensacionais com experiências de vida tanto pessoal quanto profissional estiveram aqui falando para uma audiência alucinada por alguma resposta, algum imput. Ou até mesmo a tal da “luz”, a tal da centelha criativa, a tal da nova tendência que talvez te ajuda a redirecionar a sua vida ou os seus conceitos sobre ela. Fato também é que existem vários “profissionais da palestra” que estiveram aqui apenas matando job ou tentando vender seu último livro. Esses servem pra mostrar como montar uma boa apresentação, ou seja, também servem pra algo interessante.
No meu caso, tive algumas experiências engrandecedoras:
1) Jodie Foster dando uma palinha da sua Masterclass. Mulher espetáculo com uma inteligência social e sensorial magnífica.
2) O produtor Jason Blum sendo entrevistado por John Pierson e contando sua trajetória do cinema independente que dá dinheiro. Esta dupla foi responsável por uma das melhores cenas que presenciei no SXSW. No início dos anos 90, Pierson já era um produtor importante no cinema independente americano e Blum estava no começo e se esforçando pra conhecer gente que lhe desse as primeiras oportunidades. Uma noite em uma festa qualquer, nos idos de 1993, se não me falha a memória, Blum já quase mendigando trabalho entregou um cartão para Pierson que guardou. E, por essas coincidências do destino, logo o chamou pra trabalhar. Nesta semana no SXSW, Pierson ao final da entrevista, tirou de seu bolso o cartão e devolveu para o Jason Blum — 25 anos depois — e finalizou dizendo pra plateia: “Vocês que não acreditam em networking e em troca de cartões, olha aqui como dá certo”.
3) Um dos meus passatempos preferidos foi ficar olhando para as pessoas e analisando a mudança estética e de atitude que acontece no transcorrer do Festival. Desde o início com a galera da tecnologia, interatividade, branded e publicidade. Passando pelos cineastas e ficando cada vez mais divertido com os músicos das mais diferentes vertentes.
4) E pra finalizar, o mais legal de tudo mesmo foi ter vindo, e vivido tudo isso com a minha mulher Bianca Krebs. Tendo como foco nesta viagem, nunca deixarmos a centelha criativa se apagar em nossas vidas e, cada vez mais, deixa-la fluir dos nossos córtex cerebrais feito fogos de artifício em noite de réveillon.
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