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A renascença do áudio

Por que, de repente, o som ganhou tanto destaque aqui em Austin?


17 de março de 2019 - 11h26

Participantes do painel “Sound Trip: An Immersive Experience”, no SXSW 2019 (Crédito: Simone Kliass)

Em 2017, quando participei do SXSW pela primeira vez, tive que procurar bastante pra achar alguma sessão relacionada ao áudio e a voz. Mas este ano, percebi uma explosão de conteúdo sobre o nosso mercado: sessões e mais sessões sobre podcasts, voz como interface no boom da internet das coisas, robôs criando música em painéis e em ativações, o “augmented audio” da Bose, a plataforma de áudio espacial Traverse no Virtual Cinema – os amigos me enviavam sugestões todos os dias pelo WhatsApp e claro que não consegui ver tudo!

Mas fique intrigada com esse fenômeno. Por que, de repente, o áudio e a voz estavam em destaque aqui em Austin?

Foi o painel “Innovation & Connection at the Speed of Sound” que me deu uma luz. Depois da sessão, conversei com a Lauren Nagel, VP e Diretora Criativa da Pandora. Na opinião dela o que está acontecendo é uma “renascença” do áudio. Ela explicou que, no passado, o nosso consumo de áudio era limitado pela tecnologia. Tínhamos o rádio, as fitas cassete, o CD player… Mas, a internet revolucionou tudo – principalmente com os dispositivos móveis que nos permitem acesso ao áudio em qualquer lugar e hora. E também, por causa do multitasking – o hábito de fazer várias coisas ao mesmo tempo – a voz como interface também virou tendência. “Agora é tempo de pensar como podemos explorar melhor as possibilidades,” explica Lauren. “Precisamos pensar no áudio como um todo: voz é áudio. Muitas vezes tratamos de forma diferente e separada, mas é uma parte só.”

Como trabalho com locução publicitária, quis entender melhor essa relação entre áudio, voz e tecnologia. Quais novas oportunidades me esperam? A Lauren acredita que a voz é um elemento estratégico que muitas vezes foi negligenciado. Não mais. Hoje em dia, usar um locutor qualquer sem planejamento é desperdício. “Quais atributos você quer relacionar à sua marca?” ela pergunta. “Temos mais oportunidades para vozes femininas nesse novo mercado, mas também para novos sotaques, novas interpretações, mais diversidade. Isso também tem que ser levado em conta no pacote.”

O som constante se tornou parte da nossa rotina. No trânsito, ouvimos um podcast. Na esteira da academia, ouvimos um audiobook. Assim, nos sentimos mais produtivos

 

Conversei também com o Ted Florea, membro do conselho global da Forsman & Bodenforscolega. “O áudio está conosco desde que dançávamos em volta de uma fogueira e a tecnologia só nos ajuda a incorporar isso no nosso dia-a-dia,” ele diz. “Com ótima qualidade, agora levamos o som conosco nos nossos ouvidos, através dos ear buds, e conversamos com as máquinas. É uma oportunidade de levar o áudio pra outro nível e criar conexões.”

Ou seja, o som constante se tornou parte da nossa rotina. No trânsito, ouvimos um podcast. Na esteira da academia, ouvimos um audiobook. Assim, nos sentimos mais produtivos. Mas descobri no painel “Generation Lonely: 10,000 Followers and No Friends” que não é só a produtividade que buscamos. Por causa da nossa dependência na tecnologia, temos cada vez mais dificuldade de ficar quietos com os nossos próprios pensamentos. E o som é um companheiro quando o silêncio incomoda.

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