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Austin: onde start-ups divulgam suas ideias

É muito empolgante ver tanta gente no mundo focada em como resolver os problemas que nos são colocados à prova


18 de março de 2019 - 18h03

Meu contato com o mundo do South by Southwest (SXSW) começou de forma muito inusitada: no meu voo de conexão para Austin, Texas, a chefe dos comissários de bordo finalizou a passagem das informações de segurança perguntando a todos os passageiros quem estava indo participar do SXSW. Para a minha surpresa, praticamente a metade dos que estavam em meu avião levantou as mãos. O momento seguinte foi marcado por uma salva de palmas contagiante, seguido de assobios. E não é por menos. A edição 2019 do SXSW contou com cerca de 200 mil participantes dos quatro cantos do globo. O resultado prático disso em uma cidade como Austin foi: ruas bloqueadas em downtown para permitir o vai e vem dos milhares de participantes, trânsito insano de centenas e mais centenas de bicicletas e patinetes compartilhados, e corre-corre de pessoas carregando seus badges e indo a eventos espalhados por toda a área central da cidade.

(Crédito: Franck V/Unsplash)

Mas o que é, então, o SXSW? Bem, trata-se do maior evento de tecnologia e economia criativa do mundo. O festival é dividido em três áreas: música, filme e tecnologia. Durante os dez dias do SXSW, acontecem em diversos pontos da cidade de Austin diversas palestras (às vezes até 50 ao mesmo tempo), workshops, exibições, shows, lançamentos, shows, performances e, por aí, vai. A ideia do evento, que teve a sua primeira edição em 1987, é de apresentar ao mundo as novas tendências nessas três áreas e aproximar as pessoas e empresas que se interessam por elas.

Um exemplo bem interessante disso são as start-ups, que têm um destaque bastante importante nos primeiros dias do SXSW. Afinal, basta dizer que empresas como Uber, Twitter e tantas outras empresas de tecnologia que transformaram a nossa vida foram lançadas durante edições anteriores do evento. Em uma grande área do Convention Center, localizado no centro de Austin, start-ups do mundo inteiro (inclusive do Brasil) divulgam as suas ideias, projetos e protótipos na tentativa de captar a atenção do público e, claro, investimentos. Vê-se de tudo: desde novos tipos de tecidos e cosméticos, passando por jogos eletrônicos com realidade virtual de altíssima ponta, até tecnologias relacionadas a carros guiados de forma autônoma, sem motorista. Realmente, muito empolgante ver tanta gente no mundo focada em como resolver os problemas que nos são colocados à prova.

As áreas de filme e de música são bastante concorridas, pois nelas gravadoras, estúdios, produtoras e agências participam ativamente das palestras e workshops. Do outro lado, músicos, atores, desenvolvedores de novas tecnologias de áudio e imagem também têm as suas chances de trocar experiências e de se fazer conhecidos. Aliás, ao redigir este pequeno artigo eu estava em uma das salas do Convention Center assistindo à apresentação de uma banda australiana, provavelmente na expectativa de fechar algum tipo de parceria com algum label.

Ainda em relação à sétima arte, também ocorre durante o SXSW uma longa mostra de filmes e documentários, inclusive com direito a desfile de celebridades no tapete vermelho. Neste ano, por exemplo, passaram pelo red carpet ícones como Kevin Costner, Woody Harrelson, Matthew McConaughey, Isla Fisher e Martin Lawrence.

Uma das palestras mais interessantes a que assisti foi a do fundador de uma empresa (que, diga-se de passagem, foi lançada há dois anos aqui no SXSW) que desenvolveu uma tecnologia que permite criar playlists automáticas de acordo com o gosto musical de cada um. Tais listas são criadas usando o perfil do usuário, os tipos de música que ele mais busca em plataformas de streaming, entre outros. Com o perfil traçado, a tecnologia passa a criar automaticamente as playlists com as canções que mais se aproximam do gosto musical do consumidor. Mas, como disse o fundador, há sempre espaço para erros. Afinal, uma determinada música pode parecer ser do gênero hip hop quando, na verdade, ela seria corretamente classificada como funk. Ele então concluiu dizendo que nós podemos ensinar as máquinas a pensar, mas elas nunca serão 100% infalíveis, de maneira que a intervenção humana sempre será necessária em alguma medida.

Já no campo da propriedade intelectual, que vem a ser o meu ramo de atuação, participei também de uma palestra bem divertida de uma advogada de escritório do Vale do Silício. Na palestra, realizada no dia dedicado à indústria de games, a palestrante destacou que inúmeros elementos que fazem parte de jogos eletrônicos podem ser protegidos por meio dos direitos autorais, das marcas e dos chamados rights of publicity. Para tanto, citou diversas disputas judiciais nos Estados Unidos envolvendo empresas desenvolvedoras de jogos.

Bem, se você pretende se jogar no mundo da economia criativa e ver o que está se tornando uma tendência no mundo, então não deixe de vir à edição de 2020 do SXSW. Uma dica apenas: venha de cabeça bem aberta para poder absorver tantas informações e novas ideias.

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