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Meus 10 Top Picks do SXSW 2019

Mulheres, Brasil, Maconha e outros tantos


18 de março de 2019 - 17h21

(Crédito: Carlos Arthur Mr/Unsplash)

Eu fui mais uma entre os muitos brasileiros que tiveram a oportunidade de acompanhar o SXSW, um dos maiores eventos de inovação, interatividade e criatividade do mundo. Com uma agenda de inúmeras sessões acontecendo ao mesmo tempo, cada participante vivencia um evento único. Esses foram os destaques da minha experiência em 2019:

1) As mulheres: o evento trouxe executivas de todos os espectros e diferentes campos de experiência, como Brené Brown, Esther Perel, Susan Fowler, Gwyneth Paltrow, Alexandria Ocasio- Cortez, Bozoma Saint John, Priscilla Chan, Elizabeth Moss, Brandi Carlile, Amy Webb e tantas outras. As mulheres deram um show de autenticidade, conteúdo sólido – uma mistura bem-vinda de vulnerabilidade e poder – e muita inspiração. Foram, em cada campo e em cada tema, um sol brilhando dentro do “Ballroom D”.

2) The Daily News: imagine um grupo absolutamente diverso de comediantes, liderados por um imigrante africano genial, enlouquecendo conservadores sem deixar de provocar liberais. Jon Stewart tem um substituto à altura: Trevor Noah. Ele e o time são tão ácidos e eficientes, mas de forma inteligente, menos raivosos. Recomendo muito assistir ao “between the scenes” do Daily News, além, óbvio, do próprio show. Qualquer comunicador se beneficia de ver esse inteligente produto da diversidade.

3) O grupo de brasileiros composto por mais de 1.500 pessoas: que critiquem a ida em massa — consta que foi a segunda maior delegação –, o que eu presenciei foi um grupo de profissionais comprometido em encarar filas monstruosas, assistir tudo o que era possível, compartilhar ao máximo e ainda passar o pouco tempo livre discutindo as sessões. Aliás, registro aqui que teve gente à beça furando fila e NÃO eram brasileiros.

4) O time da Globo e sua curadoria de conteúdo: mal sabíamos nós, quando questionávamos a concentração de investimentos na Vênus Platinada e em TV, que estaríamos não muitos anos depois repetindo a história na internet, concentrando investimentos em monopólios de mídia estrangeiros. Permitam-me celebrar nosso gigante de conteúdo. Os caras dão um show.

5) Internet e dados: Muito bem-vinda também a discussão trazida ao palco por Roger McNamee e Elizabeth Warren, ao discutir que internet e que uso de tecnologia queremos, com pontos de vista diferentes — ambos com propostas de uma discussão ativa sobre propriedade e uso de dados. Fica aqui a recomendação do livro Zucked (depois compartilhamos impressões pois também ainda estou lendo!)

6) Otter.ai: foi o aplicativo do SXSW, ganhando com folga do próprio aplicativo do evento. Estávamos sempre interessados em pelo menos cinco sessões diferentes no mesmo horário e o grupo que adotou o Otter e compartilhou com todos simplesmente multiplicou a nossa capacidade de ter acesso rápido e detalhado à outras apresentações.

7) Julio e amigos: Após assistir cinco ou mais sessões de uma hora por dia, passar muito Fomo (Fear Of Missing Out) e muita Fome (aquela mesmo), a vontade de relaxar – e congregar – era imensa. O despretensioso Pete’s Dueling bar foi palco para o brasileiro Julio (não sou sua amiga pessoal, portanto preservo aqui sua identidade) e para um enorme grupo de brasileiros que cantou a plenos pulmões o refrão: “Só quero amar!”. Assim como embarcou em Bohemian Rhapsody com o mesmo entusiasmo. Graças ao Julio e seus amigos, que pregaram a peça que o levou ao palco, transformamos o Pete’s no nosso bar e a minoria gringa em fãs da alegria nacional.

8) Menção honrosa para os Patinetes Jump, Lime e outros: tornaram o vai e vem do evento mais divertido. Destaco também o Impossible Burger e outras várias “carnes sem carne”– tinha uma almôndega no Exhibition Hall ótima, feita de não sei realmente o que, o Brisket, o Biscuit e os Sugarpova de variados sabores – também achamos café “de verdade”, expressos duplos com gosto de café e servidos em xícaras no lindo bar do Fairmont, que ilustra o texto. Era o combustível necessário para encarar a maratona.

9) Maconha: Perdi a grande maioria do Canabusiness pois voltei antes das principais sessões. Ou seja, acompanhei muita coisa pelo Otter.ai e pelo próprio site do evento . Essa é uma indústria que já gera renda, emprego, negócios e arrecada impostos — apesar de sua muito recente liberação. Impressiona positivamente como o tema está sendo encarado no país que criou a versão de guerra às drogas sob a qual o Brasil também opera. Passou da hora de países que sofrem com a violência paralela ao tráfico terem uma discussão informada e inteligente sobre o tema e poder tomar decisões (independentes de quais sejam) pautadas menos pelo preconceito e mais pela informação e possíveis resultados.

10) Fecho celebrando as pessoas: Falou-se muito sobre essa tecnologia imbatível chamada ser humano. Como toda boa experiência, essa também foi calcada nas interações, conversas, sorrisos, abraços e uma rica troca. Reencontrei muitas pessoas queridas e admiráveis, conheci tantas outras — e assim como a cabeça voltou cheia de ideias, o coração voltou cheio de carinho e alegria. Agora é arregaçar as mangas, compartilhar e dar forma ao que aprendemos.

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