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Como a geração Z consome notícias no TikTok

Público preza por autenticidade, simplicidade, agilidade e divertimento

Thaís Monteiro
19 de março de 2021 - 14h26

Apesar de parecer um espaço composto por vídeos engraçados e dinâmicos, alguns influenciadores e jornalistas estão apostando no TikTok para veicular conteúdo noticioso. O poder da articulação da geração Z na plataforma foi responsável por grandes movimentos políticos, como o boicote à um dos comícios de Donald Trump, em Oklahoma em 2020. Os jovens tem usado o humor para participar de conversas, apontar fatos e compartilhar opiniões. No painel “How GenZ Duets the News on TikTok”, a criadora de conteúdo Jackie James (@fatraco0n), e os jornalistas Ian McKenna (@nowthispolitics) e Dave Jorgenson (@washingtonpost), compartilharam seus aprendizados no aplicativo da Bytedance.

(Crédito: Solen Feyissa/Unsplash)

Dentre os três, o primeiro a descobrir a plataforma foi Jorgenson, do Washington Post. Segundo o jornalista, ele descobriu o aplicativo em 2018 e, sendo primeiramente um editor de vídeos, achou interessante as ferramentas que a plataforma tinha a oferecer. “Foi difícil convencer o jornal a se juntar, é um veículo de 140 anos e dois ans atrás ninguém fazia ideia do que era o TikTok”, contou.

Dave representa o rosto do Washingon Post na plataforma. Ele busca trazer as notícias com base nas tendências que vê na plataforma e convida demais jornalistas especializados da redação para contribuir com algum comentário ou opinião mais específica, a depender do assunto, e também para fazer parte dos vídeos que demais usuários estão fazendo.

“Eu gosto da linguagem dele e tento trazer os fatos de uma forma que o público vai entender, da forma como eles se comunicam. Quase que te ajuda mais quanto menos você dizer num vídeo. Estando em um jornal tradicional, é difícil fazer algumas ideias passarem, mas uma vez ou outra surge uma notícia que pode entrar em uma das tendências na rede e aí consigo aproveitar e não há motivos para questionar, pois são fatos”, descreve sobre seu processo criativo. Sobre a geração Z, ele acredita que esse grupo é mais engajados no noticiário global do que ele era em sua época de escola, em que se descreveu como alheio ao mundo.

McKenna já trabalhava com a seleção de trechos de notícias com até três minutos para publicação em redes sociais e entendeu que muitos deles poderiam ser reduzidos para até 60 segundos e publicados na plataforma. Além disso, ele vê nessa agilidade uma vantagem: “É uma notícia, mas desde que publicada, ela vira tópico de conversa. Eu lembro de ver notícias em canais de TV a cabo e não havia muita diversidade de conversas, um discurso curto era debatido por muito tempo e não precisamos disso. No TikTok, eu vejo a juventude discutindo com agilidade e interesse”, argumentou. Ele disse usar a ferramenta como uma forma de retomar falas e fatos importantes e fazer figuras públicas se responsabilizarem sobre o que disseram ou fizeram.

Já Jackie é uma estudante do ensino médio que começou a usar o TikTok durante o isolamento social em 2020. Desde então, a estudante usa a plataforma para resumir de forma simples alguns fatos sobre política com a linguagem que seus colegas usam e dando sua opinião, além de aproveitar o lado divertido da interface também. “Eu gosto do jeito que o TikTok te permite acessar experiências de pessoas sobre as quais você nunca ouviria antes de outra forma. Aqui na Carolina do Norte, onde eu moro, ninguém fala sobre política e eu decidi entrar no TikTok e explicar para as pessoas porque eu acho interessante”, disse.

Jackie também utiliza transições para tonar o vídeo mais dinâmico e costuma duetar vídeos sobre assuntos que acha importante como forma de alavancar o tópico e pessoas que discutem eles para sua audiência. Como dica para dialogar com a audiência jovem, ela diz: “Autenticidade é notável. Nós conseguimos ver quando alguém está tentando muito. Quando algo é para ser, vai ser. O conteúdo tem que ser digestível e, ao mesmo tempo, divertido. Para a maioria das pessoas, política é um tópico muito extenso e intenso. Se você pega vídeos curtos e junta em 60s é um truque bom. Uma vez que você aprender a tornar a comunicação autêntica, fica mais fácil fazer os vídeos a partir disso”.

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