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SXSW no resgate da nossa humanidade

Metaverso, WEB 3.0, NFT, Blockchain, AI, VR, Games … esses temas dominaram boa parte das apresentações e conversas do SXSW 2022.


18 de março de 2022 - 17h27

Crédito: divulgação

Metaverso, WEB 3.0, NFT, Blockchain, AI, VR, Games… Esses temas dominaram boa parte das apresentações e conversas do SXSW 2022.  Natural, pois certamente tudo isso seguirá sendo, cada vez mais, relevante e presente em nossas vidas. Mas, de fato, não posso negar que não foi nada disso que realmente chamou mais a minha atenção. 

Durante os sete dias que passei em Austin, Texas, fiquei feliz em ver que, mais do que tecnológicos, estamos também sendo convidados a resgatar nossa humanidade. Quantas e quantas palestras tinham como tema principal a tecnologia, mas ali no meio, propositalmente escondida, como todo bom tesouro, estava uma dica preciosa relacionada às características humanas inatas. 

Professora da Universidade do Texas, Kathryn Harden nos apresentou interessantíssimas pesquisas que comprovam cientificamente o que sempre soubemos empiricamente. O nosso DNA não é determinante da nossa identidade, pois podemos ser quem quisermos, independentemente dele. Também não estabelece nosso destino, pois não há um gen pré-determinado para diferenciar escolha de profissões, relações conjugais ou nenhum outro componente relevante de nossas vidas. Também temos mais e mais pesquisas que reforçam a tese de que não há um DNA superior a nenhum outro, todos somos iguais sob esse ponto de vista. Mas, sim, nosso DNA estabelece características em nós que nos diferenciam socialmente e esses padrões sociais podem estabelecer dificuldades e barreiras em nossas vidas. Qual será nossa cor? Vamos ser uma pessoa com deficiência? Qual será nosso gênero? Nada disso deveria ser uma limitação, mas sabemos que é e precisamos seguir lutando para que essas condições jamais limitem a nenhum ser humano de ser quem ele deseja ser. 

Ex-presidente da Nintendo, Reggie Fils-Aimé, destacou três habilidades críticas para essa década: comunicação (escrita, verbal e não-verbal); curiosidade intelectual; e D&I (diversidade e inclusão). Mais uma vez, comprovando que não será exigido nada de extraordinário de nós, humanos. 

Jessica Nordell, escritora e pesquisadora americana, deu um show. Mostrou a história de evolução dos nossos vieses conscientes e inconscientes. E provou, com exemplos claros, como que o ser humano pode reagir positivamente sempre que não é tratado de forma estereotipada. Um dos exemplos mostrava como um subúrbio de Los Angeles conseguiu reduzir a criminalidade ao mudar o comportamento da polícia, passando a lidar com as pessoas que cometiam crimes de maneira digna, respeitosa e cuidadosa. 

Celine Tricart, grande especialista francesa em Games com uso de VR, também reforçou que o fator fundamental para criar conexões é a capacidade de gerar um storytelling emocional. A emoção está no coração de tudo que os seres humanos realizam. 

Ann Hiatt, consultora de eficiência, estratégia e crescimento, foi além e propôs uma reflexão a todos nós. Ela nos desafiou a fazer uma revisão de nossas missões , visões e valores pessoais. A partir daí, podemos analisar nossas agendas, cartão de crédito e reputação para ver se tudo está alinhado com aquilo que queremos ser. Se não estiver, é hora de repensar nossas priorizações. 

Por fim, inúmeras palestras falaram sobre desinformação (fake news) e como os algoritmos têm contribuído para disseminação dessas mentiras. Porém, mais uma vez, eu vejo um convite para que os seres humanos possam buscar algo natural em todos nós que é a verdade, ainda que seja em detrimento de lucros. 

Como podem ver, a maior tendência do SXSW é que as pessoas de sucesso serão aquelas que entendem de gente, mais do que tecnologia. Precisamos trabalhar com propósito, pensar além do nosso interesse e contribuir para o bem comum. 

Não é tarde para essa revolução humana. Aliás, nunca é tarde, pois como nos ensinou a mãe do nosso querido Edu Lyra, fundador e CEO da ONG Gerando Falcões: “Não importa de onde você veio, mas sim, para onde você vai”.

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