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O desafio da interação digital está só começando!

Com base em relatório da consultoria Fjord, um dos painéis do primeiro dia se destacou por apresentar importante interseção entre pessoas, tecnologia e negócios


17 de março de 2021 - 20h53

O SXSW começou! Em sua primeira versão virtual, o evento segue arrastando uma multidão de olhos atentos para as tendências e inovações que proporciona à sua audiência. Diante de tantos temas interessantes que figuraram nos palcos do festival, resolvi começar minha análise pelo painel liderado por Martha Cotton, co-lead global da Fjord. Dona de uma didática inconfundível, a executiva apresentou o relatório Fjord Trends 2021, produzido pela mesma consultoria de design e inovação da qual faz parte, e traçou junto a outros painelistas importante interseção entre pessoas, tecnologia e negócios.

(crédito: ThisIsEngineering/Pexels)

Entre as conclusões, o fato de que ano de 2020 foi planejado e executado de forma completamente diferente, pois enfrentamos uma nova realidade em todos os âmbitos das nossas vidas. Interagir com outras pessoas, nesse contexto, se tornou um desafio e a tecnologia ganhou ainda mais valor para diversas esferas sociais, seja na economia digital, na educação, na ciência, ou em outros tantos contextos. O ano passado também nos tirou da zona de conforto e nos obrigou a fazer mudanças, rever valores, inovar e acelerar a transformação digital de muitos setores. Com esse panorama inicial que despontou a conversa liderada por Martha, deixo aos leitores as sete tendências apontadas no estudo como as mais importantes na relação humana (profissional e pessoal) para os próximos 12 meses.

Vem conferir?

Deslocamento coletivo (Collective displacement)
A relação humana mudou. Esta tendência tem a ver com um novo formato de trabalhar, de consumir serviços, de se relacionar, de aprender e até socializar. Seja qual for o campo, as empresas precisarão inovar para garantir ao consumidor uma boa experiência, uma vez que estamos sujeitos a mudanças repentinas de rotinas. Para ilustrar essa reflexão na prática, Martha trouxe exemplos concretos dessas inovações. Uma empresa de corrida de rua que reuniu mais de 43 mil pessoas e colocou de pé uma corrida virtual nunca antes experimentada. Ou mesmo companhias como a Nike, que passaram a usar recursos de realidade aumentada para que os consumidores possam provar virtualmente os últimos lançamentos. E até o caso de um famoso shopping chinês, que criou uma réplica da sua sede física para a web, permitindo ao público visitar os corredores das 46 marcas que fazem parte do Shanghai Luxury Art. E não é só para ver não. A ação também permite ao consumidor comprar produtos e serviços ali mesmo, no shopping digital, através do Wechat.

Inovação: Faça você mesmo (Do it yourself innovation)
A criatividade humana se potencializou. Aqui, a executiva contou um pouco mais sobre como esse potencial criativo é essencial para o desenvolvimento de novas soluções ou negócios. Em 2020, a explosão que devastou o porto de Beirute (já no período de lockdown) levou as escolas locais a transformarem o WhatsApp em plataforma de ensino, mitigando rapidamente a impossibilidade do encontro presencial. E o entretenimento não deixou a desejar em inovação. Martha ainda contou o curioso caso do cantor e compositor Travis Scott, que usou a plataforma do Fortnite para fazer a sua “turnê” nos servidores do battle royale, com direito a muita computação gráfica. Já o lançamento do novo musical ‘Ratatouille’ que utilizou a plataforma do TikTok para estimular novas coreografias e engajar o público.

Boas equipes são formadas assim (Sweet teams are made of this)
Aqui o assunto foi relacionamento interpessoal no trabalho. A sanção? Será cada vez mais possível criar experiências customizadas no ambiente profissional. Isso porque o empregador passa a entender que o modelo de trabalho precisa ser ajustado de acordo com a necessidade de cada um. E como de fato desenvolver uma rotina profissional nesse novo cenário? Com um olhar cuidado para quatro pilares: tecnologia, cultura, framework e empatia.

Interação entusiasmante (Interaction wanderlust)
No contexto atual da pandemia, estamos sempre conectados com outras pessoas através das telas. De certa forma, por não termos certa visão periférica, a concentração aumenta. Por outro lado, as distrações podem ser ocasionadas pelo convívio das múltiplas telas que nos rodeiam. A tendência apresentada por Martha reforça que é preciso inovar para que a rotina seja menos maçante. E até mais interessante. O australiano Matt Parker é um exemplo disso, provando que a produção de conteúdo pode ser inovadora. Até mesmo a própria edição do evento SXSW deste ano pode ser incluída nessa conta. Afinal cá estamos nós consumindo os conteúdos do evento em diversos formatos, e interagindo com eles. Ou seja, a grande mensagem é que precisamos criar mecanismos para que o público engaje e fique confortável para abrir a câmera em uma reunião.

Infraestrutura líquida (Liquid infrastructure)
As empresas foram forçadas a remodelar o atendimento, a forma de vender e enviar os produtos aos consumidores. Esta tendência mostra que as pessoas buscam a mesma satisfação e o mesmo prazer imediato de uma experiência da loja física. Sendo assim, a logística se torna pauta estratégica para aumentar as vendas digitais. Além disso, a personalização melhora a experiência do consumidor que recebe o produto adquirido em casa. Como exemplos, empresas da indústria de food service criaram o conceito de dark kitches para aprimorar seus canais de delivery. Para quem não conhece, o termo é usado para descrever os restaurantes que não são abertos ao público, com toda a sua operação destinada ao delivery.

O desafio da empatia (Empathy challenge)
O consumidor valoriza uma empresa que se apresenta para o mercado. Estamos passando por um momento delicado e não é hora de hard selling. A executiva aborda nesse tópico o desafio de criar narrativas que tenham propósito e façam as pessoas vibrarem pela marca. Aqui no Brasil, vimos e continuamos vendo muitas empresas que se mobilizaram por conta da pandemia e usaram sua própria infraestrutura para promover ações em prol da população. Vale destacar o quanto esse tipo de iniciativa impacta também a relação de trabalho, principalmente nesse momento crítico em que vivemos. Uma fase difícil que exige das marcas e das pessoas empatia para entender e respeitar as necessidades e contextos pessoais de cada profissional.

Rituais perdidos e achados (Rituals lost and found)
Para fechar, o título desta última tendência é claro e vai direto ao ponto: devemos analisar o que queremos esquecer e encontrar para as nossas vidas. Rituais são hábitos aos quais vinculamos significado e sentimentos. São ações e atitudes que fazemos regularmente e que, ainda que pareçam pequenas, têm um efeito vital em nosso bem-estar mental. Martha encerrou um ciclo de reflexões apontando as medidas que as empresas já estão adotando para ajudar seus colaboradores na busca por novos significados. Tudo isso por meio de rituais que tragam alegria e conforto (mindfullness).

O momento que vivemos nos pede pressa, mas também nos pede calma para encontrarmos soluções e saídas possíveis para a crise. Que essas sete reflexões inspirem outras tantas que precisam surgir para cada um dos leitores. E esse é só o começo do SXSW!

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