O futuro é humano, acredite!
Vamos nos reinventar e trazer de volta momentos simples e tão humanos como um jantar com a família, sem celular, mas com tecnologia imperceptível para poder falar
Vamos nos reinventar e trazer de volta momentos simples e tão humanos como um jantar com a família, sem celular, mas com tecnologia imperceptível para poder falar
17 de março de 2021 - 13h41
Hoje foi o primeiro dia do SXSW Online. Um festival que sempre me atraiu não só pelo conteúdo, mas por todo o ambiente da cidade de Austin e os visitantes nesse período. Com certeza está sendo diferente. Mas estou de peito aberto para experimentar com tudo, tentando deixar os paradigmas de lado. Afinal, agora é tempo de reaprender não é mesmo?
E, tenho que dizer que a ausência de filas e a facilidade de mudar de sala é uma grande vantagem. O receio de entrar em uma sessão e não gostar fica menor e a gente se arrisca a experimentar mais.
O chat também ajuda a trazer a troca com os participantes do evento e, acho que até permite mais contatos do que sentados em uma sala física. O que fica mesmo faltando são os shows, instalações e bares que rodeiam Austin. Mas vamos focar nas coisas boas. Segue o que peguei de hoje.
Um fator rodeou todas as sessões: o futuro é humano! E como é reconfortante ver essa preocupação. Quanto mais avançamos na tecnologia, mais o fator humano vira o centro da discussão.
Em um papo sobre inovação através de tecnologias emergentes, executivas da HBO trouxeram seu processo de criação, decisão de shows e como se preocupam com o potencial de desdobramentos em diversos conteúdos e plataformas. O ponto alto foi o aplicativo, chamado My Daemon, que criaram para a série His Dark Materials, uma adaptação da trilogia escrita pelo autor britânico Philip Pullman. Ele surgiu de insights de um social listening onde identificam que os daemons, a manifestação física externa do “eu interior” (ou da sua alma) de uma pessoa que assume a forma de um animal, são os mais comentados pelo público. Juntaram a isso o contexto da pandemia e isolamento, onde as pessoas querem companhia, e criaram um app de realidade aumentada, onde você cria o seu Daemon no seu celular ou Apple Watch. Para criar uma verdadeira conexão, seu Daemon usa dados captados pelo Apple Health e Spotify para criar uma experiência personalizada em atividades que você cumpre diariamente. Um mergulho na realidade que vivemos para criar uma experiência incrivelmente humana.
Em outra sessão sobre o futuro da monetização de IPS e Conteúdos Digitais, o tal falado NFT foi tema da discussão envolvendo experts no assunto como Roham Gharegozlou, co-founder e CEO da Dapper Labs Inc, criadora do NBA Topshot, um marketplace de conteúdo digital da NBA para colecionadores e fãs de basketball. Para quem não conhece, NFT são Tokens Não Fungíveis. Traduzindo, são itens únicos digitais registrados em uma Blockchain. Eles têm sido muito discutidos para arte, músicas e itens colecionáveis em geral. Mas, a grande sacada do Roham foi que ele criou uma plataforma que não fala de NFT, a tecnologia está lá de uma forma natural. Ao invés de falar na tecnologia, o foco é na solução que ela traz: mais transparência nas negociações. Como ele mesmo diz: “Você nãoo precisa entender de NFT ou blockchain, você precisa entender de Basketball e ter um cartão de crédito”. Esse é um jeito mais humano de trazer a tecnologia, trabalhando com suas paixões e não com a tecnologia. E aqui deixo o meu paralelo: Fãs podem ser fãs de marcas, de lovebrands, também. Marcas então podem também trabalhar experiências e itens digitais colecionáveis como um novo negócio? Fica a provocação.
Teve a CEO do Reedit falando sobre o poder de comunidades apaixonadas para gerar grandes mudanças no mundo ou também gerar conversão de vendas, pelo fator humano da conversa. E teve também um painel sobre o futuro do Retail e do Online Shopping com a CEO da Beautycounter, a diretora da Amazon Live e o CMO da Klarna, uma plataforma incrível de Live Shopping. Resumo em uma fala dele “E-commerce sempre foi muito transacional, mas o Live Commerce é um novo jeito de criar um senso de participação, de trazer necessidades básicas humanas que simplesmente não estavam lá.”
Em para terminar, a melhor sessão do dia que foi a da Dentsu, Code Humanity. Eles apresentaram quatro projetos que estão desenvolvendo para criar tecnologias focadas nas pessoas, aproveitando os instintos humanos, movimentos, saúde, clima etc. O Motion Data Lab é focado em estudar os movimentos humanos para tirar dados importantes para experiências e serviços mais personalizados e, que serão ainda mais bem aproveitados com a chegada do 5G. O programa Marshmallog é focado no bem-estar e, através de um marshmallow de pelúcia, capta sentimentos de stress e trabalha isso para cuidar da sua saúde. Em outra frente, chamada Hungry Frame, estão repensando como nos alimentamos e criaram um microciclo da comida baseado em uma larva que que permite que alimentos não sejam desperdiçados e cria um sistema sustentável dentro da sua casa e ainda com diferentes designs para decoração. E, para fechar, o projeto Skypedia, usa o antigo costume de prever o clima através de olhar para as nuvens para criar um sistema de Inteligência Artificial que traz de volta esse contato próximo com a natureza ao mesmo tempo que traz informações importantes sobre o clima.
Apesar da distância, da falta daquele contato físico, foi reconfortante perceber como nós, como sociedade, estamos cada vez mais preocupados com o fator humano. Nesse momento maluco que vivemos, vamos nos reinventar e trazer de volta momentos simples e tão humanos como um jantar com a família, sem celular, mas com tecnologia imperceptível e humana para poder falar: “Alexa, toque uma música para acompanhar o jantar.”
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