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SXSW: As fake news comem os fatos verdadeiros de café da manhã

As marcas precisam tomar muito cuidado para não estarem financiando, mesmo que indiretamente, esse mercado de notícias falsas


17 de março de 2021 - 14h20

(Crédito: Banco de Imagem)

Existe um grande debate sobre como combater notícias falsas em um contexto idealizado como se houvesse uma batalha entre o que é informação confiável e o que é apenas fonte de desinformação. Embora exista muito jornalista qualificado e veículos comprometidos com os fatos, a real é que a notícia falsa se prolifera em uma escala e velocidade tão altas que esse combate não chega nem a existir.

Pelo menos essa é a minha reflexão sobre a sessão – “Is Everyone Sick of the News?” moderado pela estrategista de produto Emma O’Brian no Bloomberg News ao lado de três outros jornalistas renomados.

Parte importante da pauta jornalística é definida com a premissa “o que as pessoas precisam saber” Essa lógica busca abastecer o comportamento de parte das pessoas que buscam notícias que elas não podem perder.

Essas notícias, por outro lado não estão em função sobre o que as pessoas querem saber. Por exemplo, o que uma comunidade de uma região da afastada de uma metrópole com questões específicas ao seu redor é, potencialmente, diferente de uma comunidade centro urbana.

– O que as pessoas estão realmente perguntando?

– Como essas perguntas poderiam pautar o jornalismo local?

Cada pessoa ou grupo de pessoas tem uma jornada de busca por informação que não é a mesma de outros. Por exemplo, mesmo vivendo mais de um ano em um cenário de pandemia, muitas pessoas recorrem ao google para perguntar o que é Coronavírus. Como informar alguém sobre a importância do isolamento social que não tem a informação básica sobre o que a pandemia se trata? Ainda mais em um cenário em que muitos lutam para colocar o arroz e feijão do dia a dia na mesa.

Essa diferença brutal entre pautar o que as pessoas precisam saber e o que as pessoas realmente querem saber, criam buracos e é justamente nesse espaço que a notícia falsa preenche. A notícia falsa, venha de onde vier, fala a língua e responde as perguntas que as pessoas fazem.

Pior, ela dá uma solução fácil de digerir, simplista para uma questão que muitas vezes é mais complexa:

Que mundo chato esse do politicamente correto.

X

Esse comportamento de fazer piada do oprimido assume uma premissa a favor de relação de dominação e exploração histórica do opressor.

Para deixar tudo ainda mais desfavorável para nós brasileiros, o jornalismos encontrou uma forma de remuneração que exclui a maioria dos brasileiros a terem acesso a informação de qualidade.

(*Sem julgamento aqui, nem tenho pretensão de dar uma solução).

A igreja, muitas vezes as protestantes, acabam ocupando esse espaço porque estão dentro das comunidades, vivem o dia a dia delas, falam sua língua e apresentam respostas fáceis. Afinal quem está com fome tem urgência de comer, não de aprender.

Como resultado, teorias da conspiração, terra plana, tratamento precoce da covid, cloroquina, ivermectina.

Enalteço o trabalho árduo dos jornalistas sérios e agências de checagem de fatos pela resiliência e luta diária que mais parece estar apenas amenizando um pouco as consequências de um contexto adverso ainda maior e muito complexo.

Um outro agravante, muitas vezes no intuito de combater uma desinformação, trazendo um esclarecimento para uma informação, o que se acaba por fazer é justamente dar mais palco para uma informação falsa.

Calma que ainda dá para piorar, muitas vezes na batalha pela narrativa vem carregada de uma parcialidade desproporcional o que acaba comprometendo a credibilidade de uma notícia verdadeira pela falta de honestidade intelectual.

As marcas precisam tomar muito cuidado para não estarem financiando, mesmo que indiretamente, esse mercado de notícias falsas. Aqui um elogio em especial ao trabalho do Leonardo Carvalho Leal e a Mayara Stelle do SleepGiants.

Por fim, há luz no fim do túnel e fico feliz em ver Lauren Williams (Filantropo no Craig Newmark Philanthropies) Marcus Marbry (Vice presidente de programação global da CNN e CNN digital) e Lauren Williams (Fundador da Capital B) terminarem a sessão felizes com os progressos alcançados.

Se eles estão otimistas, quem sou eu pra noticiar o contrário?

Sessão: “Is Everyone Sick of the News?”

https://online.sxsw.com/event/sxsw-online/planning/UGxhbm5pbmdfMzM1NTU5

 

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