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Fashion Tech: por onde começar?

Moda e tecnologia se entrelaçam e nos inspiram a imaginar um futuro cheio de experiências cada vez mais sofisticadas e personalizadas


19 de março de 2021 - 13h38

(Crédito: Clem Onojeghuo/ Unsplash)

Escolher qual conteúdo consumir durante o SXSW é, por si só, uma tarefa muito difícil. A escolha fica ainda mais complicada quando um tema tão interessante, quanto fashion tech, aparece em combo, numa espécie de trilogia. Darragh Dandurand mediou uma série de conversas divididas em três pilares sobre o futuro da moda:  wearables, ferramentas de design e moda no metaverso.

A conversa sobre o futuro dos wearables contou com as designers Anina Net e Kailu Guan, que trouxeram a reflexão de como a tecnologia precisa ser cada vez mais integrada aos produtos e menos perceptível aos olhos. Anina destacou uma de suas criações: uma carteira que funciona como carregador wireless, eficiente em velocidade, leve e com design moderno (confira em https://anina2049.com/). Quem olha imagina ser apenas um acessório de bom gosto, que dificilmente seria confundido com um power bank.

Na conversa, Guan propôs um olhar mais conceitual, onde a tecnologia oferece formas de personalização ao vestuário tradicional, tanto em características físicas quanto cognitivas. Sob o ponto de vista de customização, materiais adaptativos ou criações modulares poderiam ser utilizados ou combinados para formar algo exclusivo e contextualizado com o mood do dia. O mesmo aspecto pode ser também incluído na pauta de sustentabilidade, onde a atualização de um único produto poderia trazer o frescor que a moda sempre inspira.

Já os temas contextualização e autoexpressão estiveram no painel que debateu a evolução as ferramentas de design. Para Sanj Surati, CEO da consultoria em inovação Tiger Heart, os designers precisam proporcionar uma experiência fluida, sem fricção. Caso contrário, as pessoas acharão interessante, mas não incorporarão ao cotidiano. Ele propõe que os criadores tenham visão e ambição de elevar as experiências em realidade virtual e realidade aumentada a um novo patamar, materializando a indústria 4.0. No mesmo painel, a designer Ananda Duncan trouxe o exemplo de como museus usam realidade aumentada para que os visitantes interajam com as obras de arte, ampliando o conhecimento de forma interativa. Para ela, os smart glasses estão muito perto de serem aperfeiçoados para ganharem escala, o que traria um mundo de oportunidades de interação para o universo da moda.

Mais do que desfiles virtuais ou inteiramente em CGI/animação, as tecnologias imersivas foram amplamente debatidas no painel Out of This World: Fashioning the Metaverse.  Nessa conversa, o CEO da The Fabricant, empresa que criou o primeiro vestido digital a ser vendido através de blockchain, trouxe uma série de reflexões sobre como o metaverso oferece oportunidades para a moda exclusiva para o mundo digital. Para Kerry Murphy, oportunidades passam por modelos únicos, personalizados e inclusivos, além de serem sustentáveis por serem virtuais. As barreiras tecnológicas são cada vez menores e a cultura de personalizar skins, filtros em redes sociais, criar avatares e adicionar camadas pessoais à representação digital será cada vez mais difundida. E esse é um movimento escalável por natureza, do ponto de vista de negócios. Nonny de la Peña, CEO do Emblematic Group, adicionou como esse período tem feito as pessoas passarem mais por experiências virtuais, inclusive do ponto de vista profissional. Isso amplia a aplicação de moda e estilo para algo além das redes sociais e metaversos de games ou entretenimento.

Murphy também desenhou o futuro fazendo uma analogia com as tecnologias presentes nos smartphones. Os aparelhos não transformam todo mundo em grandes fotógrafos, criadores de vídeos ou narrativas, mas trazem ferramentas que permitem que todos criem conteúdo. Ele prevê que o mesmo ocorrerá para 3D, VR, AR, XR, digital fashion etc. Siglas que representarão, cada vez mais, tecnologias acessíveis a todos.

A trilogia é um bom ponto de partida para refletir como a tecnologia, aplicada ao universo da moda, acelerou. Num momento em que viver o consumo de moda tem sido um desafio por conta das restrições que a pandemia nos impõe, imaginar esse futuro cheio de novidades traz alento e, ao mesmo tempo, me transporta para um metaverso particular: já me imagino customizando meu outfit para um festival virtual de música. Mas também quero poder usar depois no mundo físico, naquela casual Friday de trabalho presencial, contando a experiência do festival para algum colega ao lado da máquina de café.

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