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Inove como se não houvesse amanhã, porque talvez não haja

Cabe a nós falar abertamente sobre isso e agir, sem pudor ou anestesia, sobretudo sem o veto dos interesses econômicos imediatistas


22 de março de 2021 - 15h32

Há uma história sendo contada na linha do tempo do SXSW. Ela narra a descoberta de que o progresso tecnológico não tem efeito quando não há progresso humanitário. Não é um roteiro inédito, eu sei, mas tem se tornado mais dramático nos últimos anos. Afinal, cá estamos, próximos de concluir a 34ª edição do maior evento de cultura, tecnologia e inovação do mundo e o faremos diante das ruidosas telas de notebooks e smartphones, que não iluminam sequer nosso luto e isolamento. O online não salvou o SXSW, apenas distraiu a realidade dura de que estamos no limite, ou além dele.

(Créditos: Pixabay/Pexels)

Nenhuma das sete trilhas temáticas do evento escancara tanto essa realidade quanto a ‘A New Urgency’. Criamos um senso de urgência para questões que há décadas desafiam a nossa sociedade. Onde estava a inovação nesse tempo todo? Onde estava a tecnologia? Onde estavam as pessoas e as organizações? Houve avanços e contribuições, claro, mas nada foi suficiente para impedir que 2021 debatesse desigualdade racial, aquecimento global ou política de imigração como quem debate algo novo.

O que estamos deixando passar?

A história contada pelo SXSW não é e nunca foi sobre carros autônomos, drones, hologramas ou qualquer outra traquitana tecnológica. Ela é sobre as transformações humanas, valiosas e necessárias para nossa existência e convivência.

Está na hora de encararmos o que está sendo dito ano após ano: não basta que a inovação resolva os problemas das empresas e dos consumidores, ela precisa resolver também os problemas do mundo. Essa é a hora e a vez do propósito na inovação, e o South by, mais uma vez, fez um ótimo trabalho ao apontar caminhos e levantar reflexões transformadoras.

Cabe a nós falar abertamente sobre isso e agir, sem pudor ou anestesia, sobretudo sem o veto dos interesses econômicos imediatistas. O contexto pandêmico é uma oportunidade de repensarmos nossos papéis no mundo. É preciso inovar como se não houvesse amanhã, porque, sendo bastante realista, talvez não haja se não nos reinventarmos hoje. Agradeço a toda equipe do SXSW e a todos que submeteram seus trabalhos ajudando a contar mais um capítulo dessa história.

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