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Representação e tecnologia, grandes problemas a serem resolvidos

É necessário agir, não somente falar


22 de março de 2021 - 14h18

(Crédito: Hao Wang/ Unsplash)

Precisamos seguir falando mas, mais do que isso, precisamos começar a fazer. É angustiante ver que temas que já tratamos como repetitivos ainda não apresentem uma solução concreta e sim vemos a conversa se ampliar, sem muita ação.

Charles Yu, que tinha muito a nos contar sobre a sua trajetória de americano-asiático alçado ao estrelato em meio a pandemia devido ao seu best-seller Interior Chinatown – top 1 da lista do New York Times em 2020 – onde, além de ressaltar a importância da comunidade asiática na cultura americana, traz um modelo de narrativa bastante interessante – desafiando a lógica, Yu utiliza estereótipos para nomear seus personagens, como a Velha Mulher Asiática, pois asiáticos mais velhos neste país são frequentemente vistos como estrangeiros, não como americanos.

Infelizmente o assunto foi os recentes ataques à comunidade asiática, que se iniciaram após o ex-presidente americano insuflar seus seguidores contra os asiáticos após o início da pandemia do coronavírus, que ele chama de “vírus chinês”. As ameaças extrapolaram as redes sociais e recentemente começaram as vias de fato, como um atentado em Atlanta a mulheres chinesas em um spa.

“Não sei se chegarei a um momento em que me sentirei inteiramente americano”, disse Ling, a entrevistadora de Yu, sobre a percepção pública da identidade asiática. Nesta semana, Alex Collmer, CEO da VidMob, postou internamente aos nossos colaboradores: “Os asiático-americanos fazem parte deste país tanto quanto eu. Não sei o que farei nos próximos dias e semanas, mas pretendo redobrar meus esforços para fazer com que meus colegas nova-iorquinos de ascendência asiática saibam o quanto os aprecio, talvez possamos todos pensar um pouco nas coisas que podemos fazer em nossa vida cotidiana e, no conjunto, suspeito que podemos fazer um número surpreendentemente grande de pessoas se sentir um pouco mais em casa”. É sobre isso, precisamos agir e não somente mudar a hashtag do momento. Depende de cada um de nós.

O conforto aparece quando ações como essas nos mostram que temos forças. Em um talk da superstar Demi Lovato com a trans Alok Vaid-Menone, o assunto abordado foi a importância de rompermos as caixas binárias de homem e mulher, uma vez que o binário de gênero foi construído para criar conflito e divisão, não fomentar a criatividade e a humanidade. “O padrão de gênero diz como devemos ser, invés de podermos escolher o que queremos ser. Quando você vive a sua própria vida você parece ameaçar as pessoas, assim como é ameaçado” diz Alok. Pessoas trans ainda vivem entre a escolha em ser autênticos e viver em segurança.

Felizmente vemos algumas ações positivas como a ARRAY Alliance, startup de tecnologia projetada para amplificar a visibilidade de mulheres, pessoas de cor e outros profissionais de cinema e televisão pouco representados. A fundadora é Ava DuVernay, diretora de filmes e séries, que em conversa com o CEO da Black List Franklin Leonard, falou sobre o Array Crew, lançado em fevereiro. “Cheguei ao entendimento de que talvez seja ignorância e falta de compreensão” sobre como contratar pessoas negras e membros de outros grupos sub-representados, o que pode exigir tempo extra e esforço, mas não é impossível.

Enquanto buscamos representatividade, visualizamos cada vez mais o poder das Big Techs, e obviamente o assunto está sobre a mesa. Infelizmente não vimos nada de contrato no papo entre os governantes, pelo contrário, vemos a dama de ferro, “mãe do GDPR” na Europa ser atacada no chat do evento por uma comunidade majoritariamente americana sobre seu discurso regulatório, por sua vez aplaudido na Europa.

O lado bom é ver surgir e crescer novas empresas de tecnologia e a construção de cultura e comunidades em torno delas, como vimos no talk. Insurgent Categories Redefining Marketing, com os heads de empresas como Tinder, Twitch, Peloton e Snap, destacando o que mudou no estilo de vida durante a pandemia e o que temos pela frente.
Os consumidores, sobretudo a geração Z, têm assumido o comando das redes, já significando mais de 50% em algumas delas em busca de conexão pessoal e experiências escapistas. Enquanto os gigantes brigam para reter seus públicos, novas plataformas surgem como alternativa também às marcas que buscam formas de se envolver genuinamente com seus consumidores, fornecendo opções sofisticadas para as marcas integrarem e gerarem valor. Essas plataformas têm roubado o compartilhamento de tela e construindo públicos cada vez mais engajados.

Essa geração felizmente é uma geração bem ativa, que se importa com a sua comunidade e com o seu redor, querem se conectar com marcas e pessoas que querem fazer coisas boas. Sendo uma geração bastante ativa, fica aqui a esperança de que eles liderem também essa migração da conversa para a ação.

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