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Nos reunimos para dar sentido ao Mundo

O diferencial é estarmos juntos. Isso muda o mundo


12 de março de 2022 - 12h17

Crédito: Divulgação

Desembarquei em Austin com um clima gelado, fazia 2 graus. Mas havia uma
atmosfera aquecida pelos movimentos frenéticos no desembarque. Era claro o motivo,
estariam todos, finalmente, em um grande evento presencial que ficou recolhido por
dois anos.

Quem imagina que vai chegar a um lugar distante de sua casa, de sua família, e que a
sua presença ali passará despercebida, erra feio.

Na fila das credenciais, por exemplo, manifestantes ligados ao Planned Parenthood
(organização sem fins lucrativos que oferece cuidados de saúde reprodutiva nos
Estados Unidos e no mundo) imploravam o apoio de todos contra regras rígidas
declaradas no estado do Texas sobre aborto. Outros manifestantes defendiam famílias
com crianças trans, também no Texas. Eles diziam: nós precisamos de vocês!

Contra ou a favor, isso mostra que as conexões vão além de um café no saguão do
aeroporto e que seria impossível um evento do tamanho do SXSW ficar imune a isso,
como prova de que todos temos relação com tudo o que acontece no mundo neste
momento. Seja no Texas ou em Moscou. Seja no universo virtual ou no físico.

Após esse burburinho de mais de uma hora de espera para a credencial, a coisa
começou de verdade. Hoje foquei em uma entrevista que abordaria o universo 3-D,
base do tão aguardado metaverso. Ambiente onde ocorre a série Upload, da Prime
Vídeo, no ano de 2034, criada por Greg Daniels que foi entrevistado pela futurista Amy
Webb, para provar que o contexto de tudo junto e misturado é real.

“Se você pudesse digitalizar suas memórias e se hospedar como uma pessoa em um
ambiente digital, poderia criar seu próprio paraíso. Mas ele teria a mesma ganância e
tolice que qualquer sociedade criada pelo homem tem”, afirma Daniels. Lançado em
2020, esse programa chamou atenção depois que o Facebook trocou o nome para
Meta e passou a chamar seu portal de games como Horizon Worlds. Horizon é o nome
do portal na série criada por Daniels.

Embora Upload nos remeta tanto ao que está por vir, Daniels afirma que o show “não é
um visual distópico, é um show de comédia”. Com esse olhar, empresas como KFC e
Twitter se fundiram na segunda temporada da série, bem como Oscar-Meyer e Intel
para criar a carne do futuro. As empresas de tecnologia contruíram experiências
digitais com base em hotéis de luxo e todos lá são avatares. Mas ali se gasta dinheiro
de verdade e essas empresas ganham muito com isso. Muito.

Um certo dia, Daniel viu sua filha jogando Club Penguin quando ela pediu 99 centavos
para comprar uma tevê para equipar seu iglu. Foi o momento em que o céu se abriu
para que percebesse como as coisas seriam no mundo virtual. Hoje já estamos vendo
fortunas investidas em NFT’s ou em direitos imobiliários no metaverso. Há poucos
meses um iate de luxo foi vendido por 650 mil dólares no jogo virtual Sandbox. Mas
Daniels quer lançar um olhar divertido sobre tudo isso.

“No programa, curioso é que a extensão da vida muda o projeto de sociedade vigente.
As pessoas são incentivadas a guardar dinheiro para uma vida após a morte digital.”
Como se sai de uma entrevista com esse diálogo? Cheio de perguntas, de ideias e de
desafios. Ouvir uma pessoa que é capaz de criar com essa autenticidade, abre a sua
mente para o novo em perspectiva. É justamente o que nós da VidMob estamos
sempre em busca e por isso estamos em lugares assim com gente talentosa e
animada.

Hugh Forrest, diretor de programação do SXSW, arrematou bem esse pensamento na
abertura: “A necessidade, o poder e o valor da inspiração nunca foram tão urgentes.”
Ele entrevistou Priva Parker, autora do livro The Art of Gathering que disse: “Nós não
nos reunimos apenas para escapar. Nos reunimos para nos envolver. Não nos
reunimos apenas para comemorar. Nós nos reunimos para lamentar, lamentar para dar
sentido ao mundo”, disse Parker. “Nós nos reunimos para dar sentido aos eventos do
mundo.”

Ele levantou questionamentos do tipo: o que sentimos falta nesse período de
afastamento? O que preferimos deixar para trás? O que sobreviveu em nós e o que
não nos faz falta? E diante de tantos questionamentos, uma afirmação, o diferencial é
estarmos juntos. Isso muda o mundo.

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