Meio&Mensagem

14 de março de 2019 - 11h53

(Crédito: reprodução/iStock)

Existe certo padrão na trajetória das mulheres de negócios que compartilharam suas histórias de sucesso no SXSW: todas parecem ter passado por um momento de crise ou dúvida, decidiram seguir em frente contra todas as possibilidades, e então formaram times incríveis. Elas não querem apenas lucrar, querem fazer isso dando espaço para outras mulheres, pessoas negras e minorias, dividindo com eles parte de sua “receita de sucesso”. E cada uma, com seu estilo e desafios particulares, conseguiu encontrar espaço em um ambiente dominado por homens.

Arlan Hamilton, fundadora da Backstage Capital, é um bom exemplo disso. Há alguns anos atrás, ela vivia em situação de rua, dormindo em aeroportos, bancos de ruas e casas de amigos. Hoje ela se destaca no Vale do Silício, não por ser uma mulher negra em um cenário de startups dominado por homens brancos, mas por ter criado uma VC – firma de capital de risco – focada em investir em empreendimentos de mulheres, pessoas negras e LGBT. Até o ano passado, a Backstage já tinha investido 4 milhões de dólares em 100 startups. Arlan foi a primeira mulher negra, sem ser atleta ou alguém do entretenimento, a estampar a capa da revista Fast Company. E ela ainda deve aparecer em muitas outras capas, pois acaba de anunciar uma aceleradora que vai ajudar muitos negócios como esses a escalonarem.

Ter todos os privilégios que a Arlan não teve, por exemplo, não impediu a atriz Gwyneth Paltrow de passar por uma crise na sua carreira bem-sucedida. O desejo de ter um impacto maior a levou a fazer uma transição profissional e criar a Goop, marca de bem-estar e estilo de vida, que começou com o desejo de compartilhar conteúdos inspiradores e produtos que não estavam disponíveis para todas.

Esse desafio extra foi o novo papel nos negócios para o qual ainda não havia um roteiro e que ela não tinha nenhuma instrução formal, levando-a para um lugar de vulnerabilidade. Estar aberta para aprender, errar e fazer perguntas também a ajudou a construir pontes com as pessoas como CEO da empresa.

Já Barbara Soalheiro fundadora da mesa (ex-mesa&cadeira), focada em resolver problemas complexos com uma metodologia parecida com design sprint, já poderia ser uma heroína apenas por ser empreendedora na área de criatividade no Brasil. Mas ela e Ligia Giatti, head das operações internacionais, foram além.

No SXSW, elas contaram como construíram uma empresa com metodologia, filosofia e rituais próprios, que conquistou clientes como Google, Coca-Cola, Nestlé, em mais de 100 mesas, como elas chamam os seis dias de trabalho concentrado. E nessa missão de usar criatividade para construir o mundo em que todos queremos morar, a mesa anunciou no SXSW o lançamento da mesa.school, um curso online em que qualquer um poderá aprender a fazer uma sessão como as da mesa no seu trabalho ou organização. Uma nova plataforma de ensino para compartilhar os ensinamentos da mesa.

Backstage, Goop e Mesa são apenas alguns dos negócios que vieram a Austin e que estão mudando a cara da indústria da qual fazem parte. O fato de terem sido fundadas por mulheres é apenas parte das suas histórias, mas certamente é o que as tornam empresas ainda mais conscientes de seus papéis e bem-sucedidas em seus propósitos.

Histórias que inspiram por mostrar que é possível, mas também por abrirem espaço para que outras e outros sigam seu exemplo.