Meio&Mensagem

Victória Navarro
16 de março de 2021 - 19h09

É um momento difícil para as mulheres empresárias. Embora o financiamento de capital de risco tenha se mantido estável, a já pequena porcentagem de investimentos destinada a fundadoras atingiu um retrocesso de três anos, em 2020. Com a pandemia, as mulheres, que tendem a assumir a maior parte dos deveres domésticos e familiares — quase três vezes mais trabalho não remunerado do que os homens — passaram a ter menos tempo para atividades essenciais de apoio as suas startup, como levantamento de fundos, networking e colaboração. Nesta terça-feira, 16, o South by Southwest (SXSW) reuniu Amy Nelson, fundadora e CEO da The Riveter, Betsy Bluestone, global director of scouting and partnerships da P&G Ventures, Vanessa Dawson, fundadora e CEO do The Vinetta Project, e Kimberly Whitler, professor da Universidade de Virginia, para discutirem como as mulheres empresárias estão enfrentando os desafios duplos de fazer seus negócios crescerem, ao mesmo tempo em que equilibram as necessidades de suas famílias, bem como abordarem a importância de empresas e comunidades apoiarem startups lideradas pelo gênero.

Amy Nelson, fundadora e CEO da The Riveter, Betsy Bluestone, global director of scouting and partnerships da P&G Ventures, Vanessa Dawson, fundadora e CEO do The Vinetta Project, e Kimberly Whitler, professor da Universidade de Virginia (crédito: reprodução/SXSW)

Acesso aos fundos de investimento
Segundo Amy, o trabalho remoto é benéfico para as mães, no entanto, podem gerar distração. “Com ferramentas e políticas de agendamento, realmente, concretas dentro das empresas, é possível ajudar as pessoas a maximizar seus arranjos de trabalho flexíveis”, disse. A profissional, além disso, adicionou que fundadoras e donas de pequenas empresas veem impactos reais gerados pela pandemia: “Muitas pessoas perderam contratos com seus clientes, que são fornecedores de pequenas empresas. Muitos freelancers perderam o trabalho. E, muitas startups fundadas por mulheres estão tendo dificuldade em obter fundos de investimento e muitas delas estão no espaço de varejo, que foi atingido”. Nos últimos quatro anos, afirmou, a fundadora e CEO da The Riveter levantou US$ 30 milhões: “Eu fazia isso enquanto estava em aviões por todo o país, para procurar investidores enquanto eu estava grávida e com um filho recém-nascido. Agora, isso pode ser feito sem sair de casa, o que democratiza o acesso a esses fundos”.

De acordo com a New York Magazine, nos últimos nove meses, a representação feminina na força de trabalho voltou para os números dos anos 1980. “Perdemos 30 anos de progresso. E, isso é ruim para as corporações, para os negócios e para a economia”, afirmou Betsy. A P&G investiu mais de US$ 1 bilhão, nos Estados Unidos, em negócios liderados por mulheres. “Isso é parte integrante da nossa empresa, é uma grande parte do nosso sucesso”, disse. A profissional ressalta que os eventos de pitch, mesmo em tempos de Covid-19, têm gerado oportunidades para as mulheres falarem de seus projetos. “É muito fácil fazer isso do seu escritório ou do seu quarto, ao invés de ter que entrar em um avião”. Segundo Betsy, as mulheres são mais eficientes com dinheiro. “Nós focamos em fundadoras mulheres porque, francamente, se você não focar nelas, você não as vê”, complementou.

Para Vanessa, ao procurar por acesso a recursos como um empreendedor, é preciso pensar sobre por meio da perspectiva da categoria ou setor do tipo de negócio. “E, então, eu acho é necessário ter em mente qual acesso deseja e quais redes quer controlar ou dar entrada”, explicou. Depois, basta construir uma base de conhecimento. Dessa forma, o networking é fundamental para as mulheres alavancarem seus negócios: “Há muitas comunidades que você pode fazer parte de uma maneira passiva, como workshops, webinars, chats do lado de eventos online”. Entretanto, a profissional recomendou a busca de uma consultoria particular.