Publicidade

Crises e acertos: o passado, presente e futuro da American Airlines

Prestes a se aposentar, Doug Parker, CEO da companhia aérea comentou os períodos de crise pelos quais a empresa passou e abordou temas como a sustentabilidade

Giovana Oréfice
18 de março de 2022 - 15h10

Painel fez parte do sétimo dia do South by Southwest (Crédito: Giovana Oréfice)

Doug Parker, atual chairman e CEO da American Airlines, uma das maiores companhias aéreas dos Estados Unidos, assumiu o posto dez dias depois de um dos mais difíceis períodos da história para o setor no mundo, mas sobretudo o norte-americano: o atentado de 11 de setembro de 2001. Vinte anos depois, após crises, e entre elas, a recessão de 2008 e, claro, a pandemia do coronavírus, Parker deixa o comando da companhia em cerca de duas semanas, no próximo dia 31 de março.

Em uma de suas últimas aparições públicas como líder da empresa, com sede na cidade de Fort Worth, no Texas, o CEO salientou a Lee Ann Shay, editora executiva da Aviation Week, os impactos dos percalços causados por crises ao longo das duas décadas em que esteve na gestão. “A grande recessão foi difícil para toda a indústria, mas particularmente para as cíclicas como as companhias aéreas”, declarou. Contudo, a pandemia foi a mais complicada em termos econômicos. “Nossa demanda por viagens foi embora imediatamente, e de fato não está nem perto de todo o caminho de volta. Dois anos depois ainda estamos tendo que trabalhar nisso”. 

Ainda que os tempos sejam difíceis, a American Airlines já conta com recuperação completa em viagens domésticas: os últimos três dias, segundo ele, foram os com maiores tráfegos já registrados na história, com voos cheios e pouquíssimos assentos disponíveis. 

A crise foi refletida nas operações e serviços da American Airlines. Quando questionado sobre como a companhia lidou com o customer experience — uma vez que havia menos atendentes nos aeroportos e comissários de bordo, por exemplo –, Parker rebateu afirmando que as reduções de pessoal foram feitas por conta da redução de voos, e que a interrupção de entrega de amenidades como bebidas alcoólicas, por exemplo, foi interrompida em detrimento de medidas de segurança.

Além disso, ele comentou sobre passageiros que desrespeitaram regras relacionadas ao coronavírus, como o uso de máscaras, por exemplo, apontando que, ainda que a quantidade esteja menor, ainda é alta — por dia, a American Airlines lida com três viajantes do tipo. “Isso é mais sobre onde estamos como país do que qualquer outra coisa. Se você fizer algo assim, nunca mais voará na American Airlines”, disse, referindo-se ainda sobre o caso de um passageiro que deu um soco em uma comissária de bordo da companhia.

Indicando sinais da recuperação, a companhia pretende contratar 18 mil pessoas neste ano. Em relação à diversidade, Doug falou sobre a academia de pilotos da American Airlines, quase toda dedicada a formar pilotas e também grupos minoritários que não têm acesso ao treinamento de 1.500 horas de voo, que pode chegar a US$ 200 mil. 

Fazendo jus a um dos temas muito discutidos no SXSW neste ano, a sustentabilidade também foi assunto para o painel. Cerca de 2% das emissões globais de dióxido de carbono produzidas por atividades humanas são responsabilidade do setor de aviação, conforme indica o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). “A verdadeira resposta para tornar a aviação sustentável é ter combustíveis sustentáveis ​​que possam ser produzidos em escala ou nada parecido com o que está sendo feito hoje para fazê-lo”, comentou. Mas, ele apontou que as ações devem ser tomadas não só pelo setor privado, mas também pelos governos. 

Muito trazida à tona nas conversas do festival, a guerra entre Rússia e Ucrânia foi tema de diversos questionamentos para executivos de empresas de diferentes segmentos, e com o CEO da American Airlines não foi diferente. Ele ressaltou que a companhia não deverá mais operar voos sobre o espaço aéreo russo, além de cortar outros laços de parcerias e acordos que tinha com o país.

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio