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A importância das narrativas e das ações

O ponta-pé inicial do evento trouxe a importância da cocriação de discursos, mas que não fiquem só em palavras, mas sejam acionáveis também coletivamente


17 de março de 2021 - 16h21

(crédito: pexels/pixabay)

O primeiro dia de SXSW Online não foi muito diferente dos tradicionais primeiros dias em Austin, apesar de todo planejamento, estudo e sensação de que pela primeira vez o FOMO estava gerenciado, caiu por terra nos primeiros minutos de abertura da plataforma. Repleto de conteúdos on demand e de uma experiência nova multitelas, agravada pela facilidade de mudar de sala pelo simples clique de um botão ou mesmo do controle remoto, ao invés de refletir se valeria a caminhada de uma sala a outra, fez com que as primeiras impressões fossem de uma experiência caótica.

Finalmente ambientado, mas com muito ainda a ver por esse primeiro dia, posso destacar algo que novamente ressalta a essência do SXSW: ser surpreendido. O grande destaque do dia foi pra mim Baratunde Thurston, comediante, ativista, autor de Como ser Negro, e eleito o melhor podcaster de 2020 com o Como ser Cidadão, e foi nesta temática que ele seguiu destacando a necessidade de agir em comunidade, engajamento cívico e que podemos nunca chegar a lá, em um lugar livre de opressão e racismo, mas que não deve nos impedir de nos comprometer com a jornada. Sobre isso, ele entrou no tema de que empresas e marcas precisam investir em lugares que foram despovoados e encontrar novas formas de fazer negócios, de contratar e reter funcionários, de contar as histórias do nosso passado, tocando no afrofuturismo, e na importância de usar nossa imaginação enquanto trabalhamos para criar uma sociedade mais justa. Ponto interessante foi ele tratar esse tema em forma de poesia, cativante.

Essa temática das ações no lugar das palavras apareceu bem forte na programação do dia.

O nome mais esperado do dia era Stacey Abrams em conversa com NK Jeminsin, onde falaram de política e causas com força, mas, sem deixar de lado a leveza das analogias e um incrível bom humor. Ao final, a mensagem deixada veio de uma destas analogias com a série preferida de Abrams, Supernatural, onde as vitórias só aparecem quando todos trabalham juntos. Ponto alto, após a ansiedade de conexão, foi a abertura surpresa de Janelle Monae em um clipe exclusivo de Turntable, tema do projeto de conscientização cidadã de Stacey.

O dia estava longe de terminar para quem ainda iria curtir os shows, eventos, filmes – com destaque ao documentário de Demi Lovato e sessão lotada (para nos sentirmos em Austin) – quando Amy Webb apareceu com o seu 2021 Emerging Tech Trend Report tão esperado por nós.

O report denso de Amy este ano reúne 500 novas tecnologias – 22% maior que a versão anterior – em um report que teve 12 revisões ao longo de 2020, e que em pouco mais de uma hora de conversa ela organizou em três grandes grupos de tendências. O primeiro destaque fica para a ressignificação de Internet of Things, chamada por ela de You of Things, transformando nossos próprios corpos em redes, e alertando ainda a questão de segurança que isso pode trazer e precisa ser pensado. Estamos falando de tecnologias wearables / vestíveis, que monitoram nosso comportamento, transformando em dados e insights para ações, gerando uma biometria comportamental, e como isso interfere inclusive na saúde pública, sem deixar de lado o risco de que todos esses dados hoje vão parar nas mãos – e sistemas – dos tecnocratas, gigantes da tecnologia.

Saltando para o universo das realidades mistas, uma forte tendência. Imagine aqui a sua assistente de voz ganhando corpo, rosto e personalidade. Começamos assim uma nova desordem mundial, que é justamente quando esses cenários se unem e hipersensibilizados pela pandemia e caos mundial que se instaurou. Apesar de dizer que o que passamos em 2020 nos prepara de certa forma para um futuro de médio prazo, não estamos imunes aos problemas que ele trará.

Pode parecer um roteiro de Black Mirror, mas ela termina dizendo que precisamos compreender 2021 com uma grande chance de reconstruir e transformar o futuro. Reforçando que precisamos começar a fazer as perguntas certas e desenhar cenários futuros possíveis.

Por fim, Jeff Lawson e Werner Vogels, líderes da Twilio e da Amazon, se reuniram para falar que todas as empresas precisam se comportar como uma empresa de softwares, mais a fundo, ter uma mentalidade startup. Atuar com times enxutos e alinhados em propósito, numa lógica de ser assim ou morrer. Ressaltando que não é sobre contratar os melhores profissionais e sim aqueles que se sintam capazes de fazer a diferença na empresa, reforçando que times menores tem proximidade aos líderes, e todos sabem o seu papel. Assim como essas empresas estão focadas no consumidor, atentas às necessidades deles e se adaptam rapidamente a isso. Reforçando que eles não estavam falando das startups do Vale apenas, eles trouxeram o exemplo da Dominos, que deixou de ser uma empresa de pizzas para ser uma empresa de tecnologia.

Com a nova dinâmica do evento ainda ficou muita coisa por ver e que seguirá disponível nos próximos dias. Se você quiser entender e ter ação no seu futuro, sugiro que entre nesta jornada e faça essa imersão.

Reconstrua o seu futuro, não nos falta repertório para isso.

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