Quem quer salvar a democracia?
Sabemos que opiniões podem e devem ser as mais diversas, mas o debate só será justo quando todos os lados discutirem em cima da mesma verdade
Sabemos que opiniões podem e devem ser as mais diversas, mas o debate só será justo quando todos os lados discutirem em cima da mesma verdade
17 de março de 2021 - 20h03
Ontem, uma das conversas a que resolvi assistir foi a da vice-presidente de Valores e Transparência da Comissão Europeia, Věra Jourová, e o colunista do The New York Times Kevin Roose, chamada “Can Democracy Survive #FakeNews?”.
Logo de cara, ao iniciar a conversa, Věra diz acreditar que as democracias deverão sobreviver às fake news, caso contrário seriam apenas “fake democracies”.
Como pessoa responsável pelos valores da comissão, ela lembrou que um dos valores básicos é a verdade: “A verdade é baseada em fatos. Os fatos pertencem a todos, são objetivos, provados por meio de evidências. E só depois temos opiniões que pertencem a cada um dos indivíduos”.
Desinformação não é falta de informação, é excesso
Se vivemos na era da desinformação – na qual uma informação contém apenas parte da verdade e grandes doses de mentiras usadas com o propósito de confundir alguém – junto com outros sintomas do século XXI como a infoxicação – outra palavra criada para definir o excesso de informação que consumimos – e nos informamos por meio de veículos de mídia e principalmente pelas redes sociais, como responsabilizar as plataformas de tecnologia que não investem de maneira adequada na curadoria de informação correta e verdadeira?
Também foi citado na conversa o já famoso discurso do ex-presidente Trump em que as redes televisivas tiveram que cortar a transmissão, caso contrário seriam cúmplices de ato antidemocrático contra o próprio país. Uma decisão arriscada, porém correta.
Follow the truth
Com a pandemia do novo coronavírus e a circulação de um sem-fim de informações falsas e potencialmente destrutivas para a sociedade, quando as plataformas e grandes empresas de tecnologia – Google, Facebook, Twitter etc. – vão verdadeiramente se preocupar com a qualidade das informações compartilhadas? E quando os grandes anunciantes vão cobrar das plataformas essa mudança, porque, afinal, uma sociedade destruída não consome, e sabemos que a mudança acontece mais rápido quando dói no bolso.
Sabemos que opiniões podem e devem ser as mais diversas, mas o debate só será justo quando todos os lados discutirem em cima da mesma verdade, pois a verdade pertence a todos.
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