O que um CFO foi fazer no SXSW?
Como líderes e como pessoas, aprendermos a escutar e entender o porquê do outro pensar diferente
Como líderes e como pessoas, aprendermos a escutar e entender o porquê do outro pensar diferente
21 de março de 2019 - 11h48
Em uma era de disrupção e de inteligência artificial, mesmo sem eu ter dimensão real do que ambas significam, é importante estarmos especialmente atentos aos impactos sociais que essas mudanças trazem. Por isso, para mim, ir ao SXSW é como fazer uma imersão intensiva em um campus onde posso ter, em poucos dias, uma visão total do movimento humano com relação às novas tecnologias. Como vocês podem imaginar – uma imersão que vai muito além da minha área de conhecimento, e tenho que reconhecer, também vai além da minha zona de conforto.
Assuntos que, até pouco tempo atrás, a gente imaginava que seriam improváveis e sobre os quais a gente nem queria pensar com medo de que acontecessem, hoje vão se fazendo cada vez mais tangíveis: biotecnologia combinada com robótica, algoritmos matemáticos tentando atribuir ou processar todos os comportamentos que estão por vir (tentando combinar pombas com humanos)… Fake news tirando o valor da real importância do quarto poder – e tudo isso combinado com pré-candidaturas de políticos ou empresários a presidência, no meio de um mundo controlado por uma organização (na verdade quatro, a chamada GAFA: Google / Amazon / Facebook / Apple), com governos tentando se adaptar, com suas estruturas lentas e obsoletas, ao ritmo das empresas privadas.
Tudo isso e muito mais se discute em questão de horas, as mesmas que poderia se levar em uma maratona de todos os capítulos da série Black Mirror, por exemplo. E para mim, esse é realmente o famoso “FOMO” – fear of missing out. Não o meu, mas sim do mundo.
O comportamento de novas gerações, como da nova geração Z (e vamos ficando sem letras no abecedário para as que vem depois dela), com a ajuda e o esforço das que a precederam, está confirmando que não apenas foram modificadas as formas de estruturar os ambientes e as relações de trabalho, mas também das formas de pagamento.
Agora, muito contra a minha vontade, também mudou o jeito de entender e praticar esportes. E essas transformações vêm nos mostrando que o que ocorre em nossas próprias casas. Ao “gerenciarmos” os adolescentes, por exemplo, não é casual ou um assunto isolado, ou uma consequência, por não termos lido o “manual dos pais”. “Fortnite é como crack”, me alerta Lance Weiler (na sessão “AI and the Future of Storytelling”).
Mas eu não quero parecer apocalíptico, porque, para minha grande surpresa, esse ano houve um ressurgimento (creio que produto da vertigem produzida pelos avanços tecnológicos e da big data descontrolada) de uma intenção de colocar o ser humano no centro da discussão, onde: a empatia, a cultura emocional, e sobretudo, a inteligência humana a mando da artificial, tiveram uma justa revalorização.
Museus virtuais poderão ser criados (excelente sessão com o Diretor do Moma de São Francisco) para poder atrair mais público e aproximá-lo da arte, mas o artista nunca poderá ser substituído. Também ficou claro que o conteúdo emocional, seja no storytelling, seja no storydoing, não pode ser programado. A reação humana seguirá sendo sempre “improgramável”.
Para todos que estivemos no Pete’s Piano Bar, sabemos que Júlio tocando “Não quero dinheiro” (paradoxalmente para um cara do financeiro) e aquele ambiente, nunca poderia ser produto de uma inteligência artificial ou de uma realidade virtual. Ainda que, pensando bem, não seria uma má ideia comercializar…
Sem dúvida, não há outra maneira de encapsular tudo isso que não seja em um evento desse tipo, em uma cidade como Austin, que não é fácil chegar, mas é ainda mais difícil deixar. Onde relembro que: é cada vez mais importante, como líderes e como pessoas, aprendermos a escutar e entender o porquê do outro pensar diferente.
É importante nos darmos conta de que o mundo mudou, e que apesar de acreditarmos que da porta para dentro é possível resolver as coisas no estilo “de antes”, isso já não é mais verdade. A democratização das redes nos mostra como “realmente somos”. É por isso que, se antes era mais importante parecer, hoje você tem que ser, e ser verdadeiramente!
Esteja aberto para mudar de ideia. CFXO.
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