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Mais verde e amarelo no SXSW mais vermelho e branco

Um contexto político-econômico peculiar no ano da maior delegação brasileira da história do festival

Igor Ribeiro
9 de março de 2017 - 15h16

Inovação, criatividade, tecnologia, futurismo, música, vanguarda, cultura digital, ciência, storytelling, audiovisual… Essas são algumas das palavras-chave que rapidamente dançam na cabeça ao se falar em South by Southwest. E qualquer pessoa que goste minimamente de qualquer um desses temas tem uma ótima desculpa para ir a Austin, capital do Texas, em março.

Stand da Apex no SXSW 2016 (Crédito: Igor Ribeiro)

Stand da Apex no SXSW 2016 (Crédito: Igor Ribeiro)

Entram, aqui, as ressalvas de praxe para quem quer se aventurar num evento com a magnitude do SXSW. Pois ainda que o visitante se esforce e estude a programação para perder o mínimo de conteúdo do seu interesse possível, o risco de não ver um monte de coisas é enorme. Possivelmente o planejamento inicial será substituído por algo completamente improvisado – um show, um almoço, uma première, um happy hour ou até mesmo outro painel – tão bom ou melhor que a ideia original. São tantas coisas ocorrendo ao mesmo tempo que simplesmente não sobra espaço para frustração.

A edição que começa nesta sexta-feira, dia 10, ainda está um pouco sob a sombra do que foi 2016. Grandiloquente, o SXSW do ano passado celebrou 30 anos com a presença de Michelle e Barack Obama. Mas a era Trump também motivou uma programação instigante, com muitos debates sobre política, cidadania, migração, religião, espionagem, conquista espacial…

A delegação nacional chega com centenas de pessoas a mais e pode bater um recorde histórico de visitação. Além da questão numérica, também deve levar conhecimento em assuntos como inclusão social, fintechs, design, moda, consumo e empreendedorismo

 

O Brasil deverá voltar a protagonizar algumas das discussões envolvendo diversidade e equidade de gênero. A agência Think Eva retorna ao evento com um case da Avon (ano passado foi com o Bradesco) no Interactive, enquanto a cantora Liniker e sua banda, Os Caramelows, se apresentam no Music.

O País retorna ao evento com sua expertise nas áreas de VR, AR e 360°. Profissionais brasileiros tomaram para si a responsabilidade de experimentar essas tecnologias há alguns anos e já em 2016 mostraram repertório para compartilhar. Em 2016, Ricardo Laganaro, diretor de cinema e especialista de conteúdo imersivo da O2, realizou na área de Film um painel com filas gigantes para entrar e auditório lotado. Neste ano, a produtora retorna com um domo e projeções curadas por Fernando Meirelles.

Área interna do Convention Center de Austin (Crédito: Igor Ribeiro)

Área interna do Convention Center de Austin (Crédito: Igor Ribeiro)

O designer Mauro Castro faz um showcase do projeto Arte Aumentada, que desenvolveu com o artista plástico Bel Borba em Salvador. Uma das ações homenageou Janis Joplin, no bairro do Rio Vermelho, com uma escultura tridimensional.

Apesar do momento conturbado que o Brasil vive internamente, retorna ao Texas mais forte do que nunca. A delegação nacional chega com centenas de pessoas a mais e pode bater um recorde histórico de visitação. Além da questão numérica, também deve levar conhecimento em assuntos como inclusão social, fintechs, design, moda, consumo e empreendedorismo, verticais com muitos cases brasileiros dignos de nota.

Não é pouco. Aquilo que interessa ao mercado americano tem ampla prioridade de agenda, o que é natural uma vez que o evento é realizado nos Estados Unidos, mas nem tanto se considerado que um quarto de seu público vem de fora do país. Vale lembrar também que o festival ocorre no coração dos Estados Unidos, num dos estados mais conservadores (apesar do ímpeto moderno de Austin), num momento em que o cidadão médio americano balança entre avanços sociais e o umbiguismo patriótico. Mas talvez tenhamos também no South by Southwest mais repleto de estrelas e listras, a delegação estrangeira mais verde e amarela.

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